CPI do Lula

Antes do feriadão de Tiradentes – no próximo final de semana haverá outro, o do Dia do Trabalho -, a oposição no Senado tinha assinaturas em número suficiente para pedir a abertura de nova Comissão Parlamentar de Inquérito, com o objetivo específico de investigar as relações entre o presidente Lula e seus familiares com Paulo Okamotto, atual superintendente do Sebrae.

O requerimento foi redigido pelo senador Almeida Lima (PMDB-SE), na certa um parlamentar desvinculado do cabresto imposto pelos comandantes do núcleo governista, senadores Renan Calheiros, José Sarney e Ney Suassuna, e, de pronto, colheu a assinatura de 34 senadores, viabilizando o pedido de instalação da já denominada ?CPI do Lula?.

No início da semana que vem, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá dar andamento ao assunto, procedendo a leitura do requerimento e determinando sua publicação no Diário do Congresso.

Como a CPI passou a ser enquadrada como mero oportunismo da oposição em manter o presidente da República no centro da refrega política, diga-se de passagem, amparada pelo regimento interno da Câmara Alta, muitos observadores passaram a enxergar na atitude uma mera manobra demagógica para reforçar a corda de embaraços em torno do Palácio do Planalto.

Okamotto tornou-se personagem de certa projeção no desconfortável torvelinho de dificuldades enfrentado pelo presidente, sobretudo ao revelar à CPI dos Bingos o pagamento, com recursos próprios, da dívida de R$ 29,4 mil que Lula deixara em aberto na tesouraria do PT.

Contudo, na segunda convocação, o desprendido amigo do presidente, protegido por habeas corpus do Supremo, mas ainda deslumbrado pelo privilégio desfrutado por poucos brasileiros, ou seja, um salário de R$ 30 mil mensais, o homem do Sebrae não só negou o pagamento da dívida, como afiançou não ser responsável pelas finanças pessoais de pessoa alguma.

A iniciativa do senador Almeida Lima poderá ser abandonada pelos próprios senadores que assinaram o requerimento, já que eles têm o direito regimental de cancelar as assinaturas até a meia-noite do dia anterior à publicação do documento.

Não haverá surpresa com o cancelamento dos jamegões no requerimento antes da rodagem do órgão oficial do Congresso, tendo em vista que a maioria dos fatos listados pelo autor está sendo investigada pela CPI dos Bingos e Ministério Público. Almeida terá desfrutado a exposição na mídia política, mas os principais líderes oposicionistas poderão agir como bombeiros para neutralizar uma ofensiva pouco rentável para a planificação geral das escaramuças.

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