Coritiba perde o goleiro Fernando por trinta dias

Ele destoava do bom ambiente que reinava no Alto da Glória ontem à tarde. E tinha razões: o goleiro Fernando sentia a dor de uma lesão grave, a segunda de sua carreira. Ele tem um problema no menisco do joelho direito, e terá que ser submetido a uma artroscopia. Depois da intervenção cirúrgica, Fernando deve ficar um mês fora dos campos. Ao mesmo tempo, abre-se a chance para que Fernando Vizotto consiga ser titular alviverde.

E é uma incrível chance. Desde que chegou ao Alto da Glória, Vizotto só ficou no banco de reservas – Fernando não perdeu um jogo sequer desde o supercampeonato paranaense do ano passado. São exatos 51 jogos em um ano, o que fez que os suplentes fossem, mais do que nunca, suplentes. “Eu estou no Coritiba desde 11 de dezembro, e realmente não tive oportunidade, porque o Fernando é um goleiro excepcional”, elogia Vizotto.

Só com uma lesão isso aconteceria. “É triste que aconteça desta forma, porque nós somos grandes amigos”, diz o novo titular. Fernando sofreu uma torção de joelho na partida contra o Grêmio, e mesmo assim jogou até o final – até porque ele não foi acionado em grande parte do jogo. “Nós acreditávamos que seria uma lesão mais simples. Tivemos uma surpresa bastante desagradável”, conta o médico Walmir Sampaio.

Agora ele pode aproveitar a possibilidade de jogar por quatro ou mais partidas – dependendo da recuperação do titular. E o primeiro jogo traz visibilidade: domingo, às 16h, contra o Vasco, partida que terá transmissão para todo o país por TV aberta. “É legal que seja assim, mas estou pensando exclusivamente em jogar bem, a começar pelo domingo”, diz Vizotto.

Segundo o preparador de goleiros Cassius Hartmann, o novo titular tem qualidades diferentes que Fernando. “O Fernando é um goleiro de colocação muito boa, enquanto o Vizotto tem mais agilidade e velocidade. Essas são as grandes virtudes dele”, comenta. Além disso, Vizotto é mais participativo – “vibrante”, nas palavras do preparador. “Ele conseguiu até ser expulso no banco de reservas”, brinca Hartmann, lembrando a exclusão do goleiro na semifinal do campeonato paranaense contra o Londrina.

Mudanças

A conversa entre Pepo e o técnico Paulo Bonamigo antes do coletivo de ontem parece ter sido definitiva. Além de Vizotto, a grande novidade do treino foi Maurinho, que ganhou nova oportunidade na ala-direita. Sem Jackson e Tcheco, que ontem foi suspenso no TJD por dois jogos, Bonamigo escalou o Cori com a seguinte formação: Vizotto; Maurinho, Odvan, Edinho Baiano e Adriano; Reginaldo Nascimento, Willians, Roberto Brum e Lima; Edu Sales e Marco Brito.

Brum desabafa e ameaça dar nomes

“Eu vou falar.” Vinda de Roberto Brum, a frase não causaria maior alarido. Mas o volante coxa revelou ontem a sua mágoa com as críticas que sofreu na semana passada, e que chegaram a estremecer seu relacionamento com o técnico Paulo Bonamigo. Tudo começou quando, ameaçado de perder a posição, ele disse que Bonamigo “ganhava muito bem para escalar o Coritiba”. Depois, algumas versões indicavam irritação do treinador com o volante – a própria entrada de Willians significaria isso. Brum jogou contra o Grêmio e o caso parecia encerrado. Ao contrário do que se esperava, o jogador tirou a raiva da geladeira e resolveu atirar. É uma entrevista diferente daquelas que Brum sempre deu, e faz aparecer uma nova faceta do “Senador”.

Paraná-Online

– Você ficou magoado com a situação que envolveu você, o técnico Paulo Bonamigo e o secretário Domingos Moro?

Roberto Brum

– Eu estou no Coritiba há um ano, e havia aqui uma sede de conquistas. A torcida queria ver títulos, ver o time com o reconhecimento nacional. Nós conseguimos isso com trabalho e com muito empenho e coroamos esse trabalho com um título. Só que isso incomoda muita gente, porque quando o Coritiba não estava incomodando ninguém, não falavam da gente. Nem precisava, pois só dava Atlético ou Paraná. Agora as coisas são diferentes, é difícil o Coritiba perder uma partida, um clássico. E isso incomoda. Creio que tem gente querendo criar um inferno astral no Coritiba, mas nós não vamos deixar que isso aconteça, porque formamos uma família com a diretoria, jogadores, comissão técnica. Mas chegou um ponto em que isso incomodou muito. Estão falando coisas que não são verdadeiras, colocações que são maliciosas. Eu tenho liberdade para falar, porque sei da história. Falaram das declarações do Moro sobre o Paulo Bonamigo, mas foi ele quem o trouxe para cá. Ele é a pessoa que mais quer que o Bonamigo tenha sucesso. Eu sou muito grato ao Bonamigo pela confiança que ele tem em mim. Falaram durante toda a semana que eu não iria jogar e o que aconteceu? Eu joguei. Sou grato ao meu treinador porque ele sempre acreditou em mim e me deu liberdade para jogar. Fico triste porque pessoas fazem colocações maliciosas para estragar nosso ambiente, mas não vão conseguir.

Paraná-Online

– Onde estão essas pessoas?

Roberto Brum

– Eu queria ser direto para falar sobre isso e falar nomes. E eu vou fazer isso, se continuar. Estou dando um alerta, porque isso é desumano, é falta de respeito com profissionais que têm família, que amam o clube. Podem falar o que quiser do Domingos Moro, mas ele é apaixonado pelo Coritiba. O Bonamigo criou uma identificação muito grande com o clube, eu amo esse clube. Troquei o Fluminense, onde joguei por onze anos, para defender o Coritiba. Eu fiz questão de jogar aqui. É um desabafo, porque essas pessoas sabem quem são, todos estão vendo. E eu vou esperar uma semana. Se isso continuar, eu vou ser obrigado a falar nomes. Vou esperar para ver se essas pessoas se tocam, porque talvez faltasse alguém dar uma cutucada. Tem gente que fala que é Coritiba, mas na verdade não é.

Paraná-Online

– Você chegou a temer pela sua relação com o Bonamigo?

Roberto Brum

– Não. Ele conhece meu caráter, conhece minha família. Nas entrevistas eu fui bem claro, falando sobre aquilo que eu sentia, sendo verdadeiro e colocando o que estava acontecendo. Eu disse que eu iria jogar porque o Bonamigo não tinha falado nada para mim sobre isso, e eu realmente joguei. Só que colocaram palavras na boca do Bonamigo, na boca do Moro, na minha boca… Isso incomoda, mas o nosso relacionamento não muda em nada, porque eu sei do caráter e da integridade dele. A gente tem um respeito muito grande, assim como pai e filho. Mas precisamos dar um basta, porque não podem complicar nosso trabalho.

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