O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, disse hoje que não dá para o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) ir ao Congresso Nacional toda vez que houver mudança nos juros. Ele se referia à proposta do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), que defende a ida do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, ao Congresso para explicar as decisões do Copom.

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"É preciso definir um regra para essa coisa, instituir uma sistema com autonomia operacional do BC e prestação periódica ao Congresso. Seria mais avançado do que é hoje. Não dá é para, depois de cada reunião, ter um debate no Congresso, porque não vai resolver nada e poderá terminar no aumento dos juros", afirmou o ministro.

Questionado se a dose do remédio não está muito alta, ou seja se os juros não estão elevados demais, Paulo Bernardo fez uma comparação entre as discussões sobre as taxas e a ida dos técnicos do BC ao Congresso e as opiniões das torcidas de futebol sobre a escalação dos times.

"Nós estamos parecendo torcida de futebol. Precisamos definir um regra e ver quem vai escalar o time. É preciso ter um técnico – uma pessoa para escalar o time. Não dá para ser todo mundo. Acho que o Banco Central é que tem que fazer isso", enfatizou o ministro.

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Ele concorda que o debate é legítimo, mas ressalta que não dá para ficar definindo os juros em assembléia, porque a decisão tem que ser técnica. "A ata é para isso. Para que nós, autoridades e dirigentes, possamos analisar e criticar a decisão do Copom".

Sobra a ata da última reunião do Comitê, que elevou na semana passada a taxa básica de 19,25% para 19,50%, Paulo Bernardo não quis fazer muitos comentários, alegando que tinha lido o documento rapidamente no computador. "Parece que não há novidade nenhuma. Estão aumentando os juros há oito meses. Não vejo nada de novo", disse.

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