Conversas políticas

Mesmo diante da indefinição do PMDB quanto ao referendo a seu nome como candidato à Presidência da República, em respeito às prévias, o ex-governador Anthony Garotinho conseguiu melhorar seu índice de intenção de voto na última pesquisa Datafolha.

Ele está bastante próximo de Geraldo Alckmin e, destarte, é o único a arrogar-se à condição de levar a eleição para o segundo turno. Isto equivale a dizer que sem Garotinho, tudo leva a crer que a eleição poderá ser definida no primeiro turno com a vitória de Lula.

Não é novidade que os ex-governadores do Rio e São Paulo têm conversado sobre o tema das eleições, embora Garotinho, com um estoque mais abrangente que Alckmin em termos de ginga política, faça questão de frisar que o interesse direto é o segundo turno, quando espera contar com o apoio do tucano.

A linguagem diplomática de Geraldo Alckmin, sempre que se refere a Garotinho, a quem apreciaria muitíssimo ter na vice-presidência, também demonstra a visão acurada de manter desobstruídas as veredas do entendimento, mesmo que a coligação liderada pelo PSDB condicione a função de vice a um quadro pefelista.

Nessa ótica, a recíproca do apoio de Garotinho a Geraldo Alckmin no segundo turno terá tratamento carinhoso por parte dos tucanos de bico comprido, tendo em vista o confortável manancial de 15% dos votos válidos mantido pelo ex-governador fluminense.

O PMDB já avisou que pretende resolver de vez se terá ou não candidato à Presidência na convenção de junho e, até lá, muita água deve rolar por debaixo da ponte. No próximo dia 19, o candidato não oficial terá um encontro com os candidatos da legenda aos governos estaduais, para tratar, entre outras questões, da obrigatoriedade da verticalização.

À luz dos números revelados pelas pesquisas, não será de todo improvável supor que a diferença entre Alckmin e Garotinho diminua ou venha a ser suplantada, e o PSDB insista na substituição do candidato atual por José Serra. A outra vertente óbvia estaria no fortalecimento da tese da candidatura própria do PMDB, hoje esnobada pela ala governista, caso se concretize o crescimento do poder de fogo do candidato.

Como em alguns campeonatos, percebe-se que a decisão só acontecerá na rodada final, dando-se como certo o arquivamento da vitória cantada na véspera.

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