Contrução de hidrelétrica ameaça área de alta biodiversidade

ecoterra.jpgA construção de uma grande usina hidrelétrica no rio Tibagi, na região de Telêmaco Borba, pode alagar a mais importante área natural do interior do estado.

?Vamos destruir um patrimônio ambiental tão valioso quanto as Sete Quedas?, afirma o biólogo Tom Grando, da ONG Liga Ambiental. A Usina Hidrelétrica de Mauá, no rio Tibagi é uma das 17 usinas do país que o Ministério de Minas e Energia pretende leiloar ainda neste semestre. Dos quatro projetos do setor reservados para o Paraná, este é o que está mais adiantado.

De acordo com Grando, a megabiodiversidade encontrada na região do Tibagi só é comparável a da Floresta Atlântica. São menos de 2 mil quilômetros quadrados que concentram áreas de florestas, cerrados e campos. A região conserva espécies ameaçadas de extinção como as flores rainha do abismo  e o barbatimão, árvores típicas do cerrado. Abriga também os últimos exemplares do lobo-guará, águias cinzentas e dezenas de espécies de peixes endêmicas, ou seja, encontradas somente na região.  Os animais e plantas foram catalogados durante uma expedição pelo rio Tibagi realizada pela organização não governamental Liga Ambiental. Os biólogos encontraram mais de 100 espécies de mamíferos, 435 espécies de aves, 129 de répteis e anfíbios e 83 tipos de peixe. ?A sociedade precisa se mobilizar contra projetos hidrelétricos do governo federal que não levam em conta o grande contingente de animais e espécies ameaçadas de extinção. Não é possível que nem mais um hectare seja alagado neste país sem essa consciência?, afirma o biólogo.

Licença ambiental

O presidente do IAP, Rasca Rodrigues, afirmou que o Instituto vai aguardar a finalização do Zoneamento Ecológico Econômico do Estado, que está sendo desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente, para  avaliar a liberação de licenças ambientais para a instalação da usina no Tibagi e de outras  três Pequenas Centrais Hidrelétricas no Paraná – PCHs. De acordo com Rasca, o zoneamento deverá apontar as fragilidades e potencialidades dos rios e bacias hidrográficas para a construção de barragens. ?De qualquer forma, já sabemos que a construção de uma usina no rio Tibagi traria sérios comprometimentos com relação ao meio ambiente?, disse ele. ?Vamos analisar os prós e os contras e apresentar um relatório ao governador Roberto Requião. Ele é quem irá tomar qualquer decisão, sempre amparada em consultas à população. O que buscamos é uma solução que traga consequências menos impactantes para a região?, concluiu Rasca.

Os processos de licenciamento ambiental para instalação de 48 PCHs no Estado estão suspensos desde maio de 2003, através de uma portaria assinada pelo presidente do IAP como forma de defesa do potencial de geração de energia elétrica no estado. Por outro lado, a Constituição do Paraná estimula as pequenas centrais hidrelétricas em detrimento aos grandes projetos como os do Tibagi.

Apagão

Mas se de um lado existe a preocupação com os impactos ambientais provocados pela construção de uma grande usina, de outro aparece a demanda cada vez maior por energia elétrica. O vice-presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Sciarra (PFL), afirmou em seu site, no ano passado,  que a suspensão das licenças ambientais de novas usinas do Estado, tanto prévias como de instalação, emperrou a construção de 26 projetos de geração de energia, causando prejuízo ao Paraná, que deixou de receber investimentos da ordem de R$ 440 milhões. "Enquanto o País está preocupado com o risco de mais um apagão, o governo do Paraná impede a construção de novas usinas", critica Sciarra.

Para o deputado, o IAP deveria avaliar os processos de licenciamento sob o ponto de vista estritamente técnico. "Temos que cobrar uma posição da autoridade federal, porque os investidores estão sendo prejudicados", afirma Sciarra.  A explicação de que as licenças só serão concedidas quanto estiver pronto o "zoneamento ecológico-econômico" do Paraná não se justifica, na visão do deputado, ?uma vez que o órgão ambiental  despreza os critérios técnicos e o interesse público", completa.

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