Controladores de vôo acusam Aeronáutica de quebra de hierarquia

Brasília – O Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Proteção ao Vôo (SNTPV) refutou acusações de que os controladores de vôo tenham quebrado a hierarquia militar ao paralisarem suas atividades na última sexta-feira (30). Em nota divulgada hoje (2), a entidade acusa o alto comando da Aeronáutica de ?quebrar a hierarquia em relação a autoridade do Ministro da Defesa?.

Para justificar a afirmação, o sindicato cita o que classifica como ?articulações de bastidores efetuadas para a derrubada do ex-ministro da Defesa, (José) Viegas, seguido do livro de páginas em branco que foi a gestão como ministro do vice-presidente da República, José Alencar, e mais gravemente, agora, com a intencional assessoria cheia de sofismas para desmoralizar o atual ministro, Waldir Pires?. O sindicato afirma que há uma tentativa clara de ridicularizar Pires perante a mídia e a sociedade civil.

Ao rebater críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o sindicato afirma que a falta de atitude de sucessivos governos gerou todo o sofrimento por que passam os usuários do sistema aéreo. Segundo a entidade, não houve irresponsabilidade ou falta de sensibilidade da parte dos controladores na manifestação da última sexta-feira. ?Há mais de 25 anos os civis que atuam no sistema de controle de tráfego aéreo denunciam às autoridades constituídas e à imprensa em geral a inércia administrativa do Comando da Aeronáutica?, diz a nota. ?Infelizmente, após tanto tempo de lutas, sem interlocução, pela necessária reforma do sistema, o movimento descambou para a gravidade existente hoje?.

O sindicato questiona também a posição do Comando da Aeronáutica quanto aos gastos para criar uma estrutura de controle de tráfego aéreo paralela à atual. ?A estrutura atual do Departamento de Controle do Espaço Aéreo não é propriedade do Comando da Aeronáutica e sim propriedade da União. Logo, é do povo e do governo para usufruí-lo da melhor maneira possível para a sociedade. Assim como, vale ressaltar, que a infra-estrutura para a defesa aérea já existe e é independente da infra-estrutura para controle dos vôos comerciais no espaço aéreo?.

O sindicato encerra a nota pedindo "perdão" a quem ?realmente, independente de qualquer coisa, está sofrendo com os fatos acometidos nos últimos dias?. ?Não nos foi possível visualizar algum outro modo de sensibilizar o governo para a necessária desmilitarização do setor e vencer a resistência do Comando da Aeronáutica pela manutenção dos seus privilégios, senão o de efetuar o presente movimento que, temos ciência, tanto prejudicou a sociedade civil".

Procurados, o Ministério da Defesa disse que não iria responder as declarações do sindicato, e a assessoria do Comando da Aeronáutica não deu retorno.

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