‘Conselho Federal de Jornalismo é um perigo’, diz Mesquita

O jornalista Júlio César de Mesquita criticou hoje a intenção do governo de criar o Conselho Federal de Jornalismo (CFJ). “Esse projeto é um perigo”, disse, ao participar da inauguração da biblioteca e da sala de leitura do Hospital-Geral de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte de São Paulo, que leva o nome do pai dele, o jornalista Júlio de Mesquita Neto. “Se o Congresso o aprovar, será a volta da época negra dos governos militares e da censura”, afirmou.

De acordo com César de Mesquita, o governo não pode fixar regras para os jornalistas. “Não deve haver pessoas ou governos que ditem regras de como uma reportagem deve ser escrita e publicada, pois a imprensa toma conta e vigia aqueles que estão no poder”, disse. “Quando a imprensa for tutelada pelo governo, ela deixará de ter liberdade.”

Ele lembrou um fato que aconteceu quando o pai foi chamado para depor num Inquérito Policial-Militar (IPM), durante o regime militar. “Ao ser perguntado se era ele o diretor responsável pelo jornal ‘O Estado’, meu pai respondeu que não.” O funcionário público insistiu, afirmando que o nome de Mesquita Neto constava do expediente do jornal como diretor responsável. “‘Não sou eu’, repetiu meu pai. O diretor responsável é o ministro da Justiça, Alfredo Buzaid. É ele que decide o que o jornal vai publicar.”

César de Mesquita, que participa do Conselho de Administração do jornal “O Estado de S. Paulo”, disse ainda que, além de lutar pela liberdade de imprensa, uma das preocupações do pai dele era que os filhos lessem muito. “Ao ler jornais, as pessoas ficam bem informadas sobre o destino de seu país e a leitura dos livros aprimora a escrita e a cultura”, afirmou.

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