Conferência de Segurança Pública discute relação entre imprensa e polícia

Os participantes da 5.ª Conferência Executiva de Segurança Pública para a América do Sul (IACP), em Foz do Iguaçu, discutiram, na manhã desta segunda-feira (17), parceria inédita entre o poder público e as faculdades de jornalismo.

A idéia de incluir noções de comunicação com foco em jornalismo, publicidade e relações públicas na grade curricular das escolas de formação das polícias foi feita pelo sócio-diretor da Giusti Comunicação, Álvaro Oliveira, durante a realização do painel ?Marketing de segurança pública e o papel da mídia frente à crise de segurança pública?.

De acordo com ele, uma boa comunicação do poder público com os formadores de opinião e a sociedade é tão importante quanto as demais ferramentas utilizadas pelas corporações. ?Esse é um processo que exige uma mudança cultural dentro das instituições. Um bom plano de ações policiais, somado a um projeto de comunicação, pode determinar a imagem do órgão, que precisa ser muito bem trabalhada. Quando os porta-vozes da corporação não falam bem, abrem espaços para críticas?, disse.

A tese foi endossada pelo jornalista do jornal O Globo e painelista, Chico Otávio. Para ele, as autoridades estão mais conscientes para a necessidade de prestar informações. ?O ponto determinante para essa mudança é a cobrança da sociedade. A mídia também escutou essa manifestação e mudou a forma de cobrir os assuntos de polícia criando editorias para a área de Segurança Pública e escutando outras fontes?.

Os cerca de 80 participantes, entre oficiais e delegados de vários Estados, além de secretários estaduais de Segurança Pública, observaram para a necessidade dos jornalistas entenderem como ocorre o trabalho das corporações. De acordo com a assessora jurídica da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Nilce Mentzinger, esse desconhecimento ocasionou numa reportagem, publicada por um jornal carioca, que criticava o número de inquéritos instaurados pela delegacia especial de crimes praticados por crianças e adolescentes, ao longo de um período. ?O desconhecimento do repórter era tão grande que ele não sabia que a polícia não pode instaurar inquéritos contra menores de idade?, lembrou ela.

Mas de acordo com Chico Otávio, alguns iniciativas já começaram a ser desenvolvidas, na redação de O Globo, para coibir esses tipos de equívocos. ?O Globo realizou, no ano passado, um curso de Segurança Pública, em parceria com Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública (CRISP), da Universidade Federal de Minas Gerais, para os seus jornalistas. Esperamos que esses esforços sejam seguidos por outras mídias e que as escolas de formação de policiais incluam temas relacionados à comunicação em suas grades. A maior beneficiada com essa transparência é a população?.

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