Como o interior foi bom de bola

Semana passada tive um dia especial na Redação de nosso jornal. Pela primeira vez, em treze anos que moro em Curitiba, vibrei com uma vitória do meu Grêmio de Maringá sobre um dos times do trio de ferro, o Atlético, na capital. O dia seguinte foi uma maravilha. Meus colegas de trabalho tiveram que me aturar. Confesso: fui chato.

Faço essa referência, no entanto, para lamentar a atual situação do futebol do interior do Paraná. Anos passados, Coritiba, Atlético, Colorado e Pinheiros tremiam de medo de enfrentar forças como Londrina, Grêmio, Cascavel e Operário de Ponta Grossa. Hoje, não há mais graça. As equipes do interior só cumprem tabela, pois o título do paranaense está fadado a ficar nas mãos de um dos times da capital.

Entretanto, confesso que desde que comecei a acompanhar mais proximamente o futebol, notei que os grandes vilões do interior foram os times da capital e a Federação Paranaense de Futebol. Sempre que alguma equipe do interior se destacava, de alguma forma, a arbitragem ou a federação davam algum jeito de aparar tal “mal” pela raiz, favorecendo, sim, os times que supostamente dão mais lucro à entidade. Com isso, aliado às péssimas administrações, o futebol do interior do Estado sucumbiu à força da capital.

Vale este alerta, pois neste sábado o Paraná Clube terá uma partida, quem diria (aqui se faz aqui se paga), decisiva pelo rebaixamento, contra a Portuguesa Londrinense. Oxalá seja apenas uma paranóia minha e a partida transcorra normalmente, principalmente no que diz respeito à arbitragem, que já destruiu muitas equipes do interior. Mas isso foi em outra época. Creio eu que hoje a situação tenha evoluído um pouco e tamanhas barbaridades do passado não se repitam mais. Mas vale o alerta.

Acredito que o exemplo para a volta de um bom futebol no interior está no São Caetano. É necessário que se comece um trabalho sério do zero. Com metas em médio e longo prazo, contando principalmente com apoio popular. Claro que, se o time apresentar um bom trabalho, esse apoio será a peça-chave na engrenagem do time. E em questão de apoio de torcida, Maringá, Londrina e Cascavel não devem nada a ninguém. É só relembrarmos os públicos registrados nos estádios dessas cidades nas décadas de 50, 60, 70 e 80. Algumas vezes maiores que os dos times da capital.

Resta então, para nós torcedores de equipes do interior, aguardar que alguma mente iluminada resolva enfrentar o mundo sujo do futebol, com idéias honestas, limpas e austeras, para que vejamos o futebol do interior forte novamente. E que esse time seja o Grêmio de Maringá. Dá-lhe Galo!

Anselmo Meyer

(anselmo@pron.com.br) é editor de Cidades em O Estado.

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