Comitiva brasileira vai à Venezuela discutir construção de navios petroleiros

Uma comitiva de empresários do setor da construção naval segue este domingo para Caracas. Lá, terão um encontro na próxima segunda com o presidente Hugo Chávez, para discutir a construção de 36 petroleiros em cinco estaleiros brasileiros, envolvendo recursos da ordem de US$ 3 bilhões.

Sérgio Leal, diretor do Sindicato Nacional da Indústria de Construção Naval (Sinaval), afirma que os entendimentos entre o setor naval brasileiro e a estatal do petróleo da Venezuela PDVSA são frutos de um dos memorandos de entendimento assinados em fevereiro de 2005, em Caracas, entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega venezuelano.

Segundo Leal, há a possibilidade de que o acordo com vista a contratação dos petroleiros seja assinado já na próxima semana. "Evidentemente ainda falta algumas etapas a serem acertadas, mas a assinatura do contrato deverá, sim, ser feita em Caracas na semana que vem".

Leal informou, também, que a construção das embarcações deverá contar com linhas de crédito de ambos os países, uma vez que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) possui uma linha de crédito direcionada para as exportações de manufaturados brasileiros.

Os contatos mantidos indicam até agora, segundo Leal, que os navios serão construídos pelos estaleiros Ilha S.A, Mauá-Jurong, Keppell Fels e Fermetal (antigo Ishikawagima), todos no Rio de Janeiro; Atlântico Sul, em Pernambuco; e Itajaí, em Santa Catarina.

As informações indicam, ainda, que a PDVSA vai encomendar navios também na Argentina (cinco embarcações) e Espanha (duas). Indicam, ainda, que o acordo prevê a troca de tecnologia entre os estaleiros dos dois países.

O diretor do Sinaval explicou ter pesado na escolha do Brasil também o fato de que a Venezuela encontraria dificuldades em colocar encomendas de tamanho porte em estaleiros de outros países, em razão da forte demanda hoje existente no setor.

"O Brasil tinha capacidade ociosa no setor para construir estas embarcações e a PDVSA, por sua vez, teria dificuldade de realizar as encomendas em outros países, inclusive da Ásia, todos sobrecarregados pelos próximos três a quatro anos. Nós somos os primeiros parceiros capazes de fazer no prazo em que eles precisam", concluiu.

O item 3, do memorando de entendimentos assinado com a Venezuela em fevereiro do ano passado fala sobre a construção de "plataformas e navios" e são decorrentes da decisão dos presidentes Lula e Chávez de constituir uma "Aliança Estratégica", quando ambos os governos assumiram o compromisso de explorar "todas as possibilidades de complementação econômica, tanto no setor público como no privado".

No caso específico dos 36 navios, os entendimentos estão se dando diretamente como o setor naval brasileiro.

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