Comércio de Ciudad del Este contabiliza US$ 300 mil em prejuízos

O Paraguai viveu hoje momentos de expectativa, um dia depois das manifestações populares contra o governo que deixaram como saldo duas mortes, 140 feridos e mais de 300 detidos em todo o país. A Polícia Nacional e a Marinha estavam preparados para novos confrontos, que não se realizaram. Em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), o comércio contabiliza prejuízos de US$ 300 mil com os saques ocorridos após a repressão armada contra os manifestantes.

As manifestações mais violentas ocorreram em Alto Paraná, Estado cuja capital é Ciudad del Este. Só nessa região, 158 pessoas foram presas e outras 70 ficaram feridas. Dos que permanecem internados, há sete policiais e 14 civis. Atilano Ramires, 36 anos, e Amâncio Martinez, 53, morreram em decorrência de ferimentos a bala. Um menino de 12 anos também foi atingido no abdome, mas está fora de perigo. O dia foi calmo nessa região da fronteira, mas o rastro de destruição era visível nas ruas centrais de Ciudad del Este.

Pelo menos 20 lojas de artigos importados foram saqueadas, somando um prejuízo estimado em cerca de US$ 300 mil, além das perdas com danos materiais. Uma farmácia teve praticamente todo seu estoque de remédios roubado. Muitas lojas tiveram portas amassadas, vidros quebrados e prateleiras destruídas por vândalos. Nas ruas, além das marcas de pneus queimados e das barricadas improvisadas pelos manifestantes, placas de sinalização ficaram danificadas e telefones públicos foram arrancados.

A violência de segunda-feira trouxe ainda outras conseqüências ao comércio da fronteira. Os sacoleiros ficaram receosos de freqüentar as lojas da cidade, embora o trânsito na Ponte da Amizade, que liga Foz a Ciudad del Este, estivesse normalizado. As ruas da segunda maior cidade paraguaia amanheceram calmas, sem indícios de que haveriam novos protestos. Duas das principais rodovias de acesso à capital Assunção que estavam bloqueadas foram desobstruídas sem violência.

A direção da União Nacional de Colorados Éticos (Unace), dissidente do tradicional Partido Colorado, nega o envolvimento do ex-general Lino César Oviedo nos protestos para forçar a renúncia do presidente Luís González Macchi. O presidente, por sua vez, acusa o ex-general, que vive no Brasil, de estar incitando a população para desestabilizar o governo, usando como pretexto a crise econômica do país e a alta taxa de desemprego, que atinge 20% da população economicamente ativa.

A Unace também acusa o governo paraguaio de perseguição aos seus integrantes. Segundo o presidente do partido em formação, Guilhermo Sanchez, pelo menos 20 de seus membros estão com ordem de prisão decretada. Até hoje, nenhum deles havia sido preso.

Voltar ao topo