Começa obra de gasoduto para exploração de reserva no Amazonas

Coari (Amazonas) ? A Petrobras e o governo federal começaram as obras de construção do gasoduto Urucu-Manaus. A obra pode gerar quase 3,5 mil empregos diretos e 10 mil indiretos. O custo estimado para os cerca de 670 quilômetros do gasoduto é de de US$ 1 bilhão. A obra era anunciada desde 1998.

"Faz 20 anos que a Petrobras descobriu a reserva de 48 milhões de metros cúbicos de gás natural no Solimões", lembrou o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau. "Demorou para que essa reserva fosse explorada porque governantes anteriores tinham dúvidas para quem iria essa riqueza. Podia se pensar em um gasoduto Coari-Campinas, mas a gente garantiu que o gás fosse do próprio estado".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou rapidamente. Gripado e visivelmente abatido, Lula destacou a demora para tirar o projeto do papel. "A Amazônia tem 20 milhões de habitantes, que precisam estudar e trabalhar. Entre querer fazer e conseguir iniciar essa obra o intervalo foram de dois anos [o termo de compromisso para construção do gasoduto foi assinado em 2004]. A gente enfrentou muitas dificuldades".

Em Coari, o presidente deu o primeiro ponto de solda da construção do gasoduto, que deverá estar terminado apenas em março de 2008. As obras devem gerar 3.400 empregos diretos e 10 mil empregos indiretos, com o compromisso de que 60% dessa mão de obra direta seja contratada no estado.

A obra foi criticada por movimentos sociais e organizações não-governamentais, como o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA) e a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os 670 quilômetros do gasoduto cortarão a floresta, passando por terras indígenas e por unidades de conservação.

Os ambientalistas temem que o assoreamento e represamento dos igarapés (parte dos dutos estará submersa) diminuam a quantidade de peixes e que o movimento das embarcações afugente a caça. Ou seja: que a presença do gasoduto coloque em risco a segurança alimentar das 102 comunidades ribeirinhas por onde ele passará.

O GTA e CPT reclamam que as populações tradicionais que vivem ao redor do trajeto do gasoduto não foram consultadas sobre o projeto. Mas a Petrobras informou que cerca de 3 mil pessoas participaram das audiências públicas que foram realizadas nos municípios da área de influência do empreendimento.

Um dos três trechos da licitação da obra também teve problemas: o B1, que vai de Coari a Anamã e representa o meio do gasoduto. Ele tem 190 quilômetros que são avaliados como os de mais difícil execução, por serem submersos. O consórcio que ganhou a licitação, composto pelas empresas Andrade-Gutierrez, Carioca e Queiroz Galvão, pediu um valor muito acima do esperado ? o que levou a Petrobras a cancelar o processo e entrar em fase de negociação com as empresas, ainda não finalizado.

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