As projeções do mercado financeiro para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPC) de março subiram de 0,34% para 0,40% em pesquisa divulgada hoje (20) pelo Banco Central (BC). O aumento, na avaliação de analistas de mercado, foi provocado pela elevação dos preços dos combustíveis no começo do mês. "Já temos uma alta acumulada dos combustíveis no primeiro trimestre de aproximadamente 5%", disse um consultor ouvido pela Agência Estado. As altas têm sido impulsionadas, em sua maior parte, pela forte variação dos preços do álcool combustível.

continua após a publicidade

Com isso, as estimativas de IPCA para este ano pararam de cair e ficaram estáveis em 4,55%, após terem recuado por quatro semanas seguidas. A mudança pode ter sido causada, de acordo com um analista, pela percepção de que os aumentos dos combustíveis não serão integralmente revertidos com a entrada da safra de cana-de-açúcar.

A tendência para as próximas semanas, na visão de alguns analistas, é de que as projeções de inflação para março continuem a subir. "Não descarto a possibilidade de que o IPCA para este mês venha a ficar na casa de 0,50%", disse um analista A indicação de que esta possibilidade não é descabida está no fato de que as previsões de inflação para março da cinco instituições com maior grau de acerto em suas projeções ("top 5") já estavam em 0,55% na pesquisa divulgada hoje pelo BC.

A opinião dos analistas, porém, é de que a alta da inflação será temporária. Ela não deverá contaminar as expectativas no longo prazo. Em abril, segundo os cálculos dos "top 5", os preços voltariam a se acomodar e a rondar em torno de 0,35%.

continua após a publicidade

A piora das previsões de curto prazo para a inflação não mudou a expectativa do mercado de que a taxa de juros voltará ser reduzida em 0,75 ponto porcentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de abril. A taxa, neste cenário, recuaria dos atuais 16,50% para 15,75%, porcentual inferior aos 16% de setembro de 2004, quando o Copom iniciou um processo gradual de elevação dos juros. A perspectiva de alta dos preços no curto prazo também não evitou que as previsões de juros para o fim deste ano caíssem de 14,50% para 14,38%. "É possível que este porcentual venha a encostar nos 14%", disse um analista de mercado. Nesta hipótese, a taxa média de juros fecharia o ano em 15,34%.