Comando da campanha de Lula quer liquidar eleição dia 6

O discurso oficial dos petistas sempre inclui “trabalhar com o cenário de segundo turno”, mas a ordem interna do comando de campanha do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é fazer de tudo para liquidar a sucessão dia 6. Hoje, em reunião da executiva nacional do partido, os coordenadores das campanhas estaduais foram orientados a intensificar os trabalhos de rua para criar a “onda Lula” nesta reta final.

Além do corpo-a-corpo nas ruas, uma das armas para vencer a eleição no primeiro turno é o tradicional trabalho de boca-de-urna do partido. A avaliação do comando de campanha petista é que, se a “onda Lula” conseguir manter os 44% do presidenciável – conforme registrado ontem (22) pelo Instituto Datafolha – até dia 6, a boca-de-urna renderá pelo menos mais três ou quatro pontos porcentuais, média histórica obtida pelo PT com a ação. Isso seria suficiente para Lula atingir 50% mais um dos votos válidos.

Na reunião de hoje, os petistas também chegaram a outras conclusões: os ataques do adversário José Serra (PSDB), pelo menos até agora, não colaram; e Lula não atingiu seu teto em pelo menos três Estados, São Paulo, Minas Gerais e Rio. Nesses locais, os candidatos ao governo José Genoino, Nilmário Miranda e Benedita da Silva, respectivamente, estão crescendo nas pesquisas, impulsionados por Lula. Fortalecidos, eles poderiam espalhar a “onda Lula”. Genoino, que segue em terceiro nas pesquisas, acredita que tem de 10 a 15 pontos para crescer. “O PT é um time, na cabeça tem o Lula e no coração temos a militância.”

Os candidatos petistas aos governos estaduais também sonham em crescer na carona do presidenciável do PT, com o bordão “Lula lá, fulano aqui”. Líder nas pesquisas em 25 dos 27 Estados, Lula consegue emprestar seu favoritismo, contudo, a apenas 8 candidatos que ou estão igualmente à frente na disputa local ou tentam provocar um segundo turno. O “Lula lá, fulano aqui” ainda esbarra em acordos extracoligação que dificultam a dobradinha sonhada pelos petistas.

Em Minas, Nilmário Miranda teve de engolir uma saia-justa no sábado (21) ao ver o presidenciável dividir a atenção com o governador Itamar Franco – que apóia Lula para presidente e Aécio Neves (PSDB) para o governo. No almoço com Lula, o governador vetou a presença de Nilmário.

Além disso, o PT de Minas queria realizar um megacomício de Lula em Juiz de Fora, segundo maior colégio eleitoral do Estado e terra do governador, mas teve de ceder à pressão de Itamar para não criar uma onda positiva para Nilmário. O evento foi marcado para a tarde de sábado (28). “O Itamar está fazendo de tudo para não ter segundo turno em Minas”, reclamou um deputado petista mineiro. Nos próximos dias, Aécio e Itamar deverão participar de um comício na cidade.

No Paraná, os peemedebistas pressionam o candidato do PT ao governo, Padre Roque, para que desista em favor de Roberto Requião (PMDB). Em Alagoas, o candidato petista, Judson Cabral, está bem abaixo dos dois líderes, Fernando Collor (PRTB) e Ronaldo Lessa (PSB), que prega o voto útil dos petistas à sua candidatura.

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