CNA: UE cortou cota de produtos agropecuários ao Mercosul

A União Européia (UE) cortou pela metade o valor da oferta em produtos agropecuários feita ao Mercosul, em sua mais recente proposta para a criação de uma área de livre comércio entre os dois blocos. Essa é a conclusão de estudo elaborado pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “Estamos decepcionados, mas não é surpresa nenhuma”, disse o assessor internacional da entidade, Ricardo Cotta. “Nossa oferta foi medíocre e tivemos uma resposta na mesma altura.”

Pelos cálculos da CNA, se o acordo tivesse sido fechado nos termos que os europeus ofereceram em setembro, em reuniões realizadas em Bruxelas, o Mercosul teria direito a cotas que valiam US$ 1,444 bilhão. Em contraste, a proposta formal que a UE enviou na última quarta-feira contempla cotas de aproximadamente US$ 739 milhões. Houve, portanto, um corte de 48 8%.

A piora mais visível ocorreu na oferta para a carne de frango, que hoje é a quinta parte do que chegou a ser três semanas atrás. Em maio, quando a primeira oferta foi colocada sobre a mesa, os europeus concordavam em importar do Mercosul, com tarifas baixas, até 37.500 toneladas de carnes de ave por ano. Essa cota dobraria após a conclusão da rodada Doha de negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Em setembro, quando o acordo ganhou um novo fôlego com a vinda ao Brasil do comissário europeu para o Comércio, Pascal Lamy, a oferta chegou a 275.000 toneladas por ano, acrescida de 30.000 toneladas anuais após a OMC. Pelos cálculos da CNA, que não levam em conta o ganho após a OMC, essa oferta para as aves valia aproximadamente US$ 423 milhões. O que está sobre a mesa, porém, é uma cota de 45.000 toneladas, mais 30.000 toneladas após OMC, o que dá cerca de US$ 77,5 milhões.

Há ainda uma exigência adicional, segundo informou o diretor do Departamento de Negociações Internacionais do Itamaraty, embaixador Régis Arslanian: para ter direito a essa cota, o Brasil precisaria desistir do processo que move na OMC contra barreiras impostas pela UE à entrada do frango salgado. Os europeus mudaram a classificação do produto, o que provocou a elevação do imposto de importação de 15% para 75%. “Isso, o setor privado já nos disse que é inaceitável”, comentou.

Coisa semelhante foi feita com a carne bovina. A oferta, que começou em 50.000 toneladas (a ser concedida em dez anos) e que dobraria após a conclusão da rodada Doha, chegou em setembro a 116.000 toneladas mais 40.000 toneladas após a OMC.

Essa oferta valia aproximadamente US$ 696 milhões. Agora os europeus acenam com 60.000 toneladas (parcelada em dez anos) mais 40.000 toneladas após OMC, o que dá US$ 360 milhões.

Os europeus também pioraram sua oferta para a banana. Em setembro, eles haviam concordado em importar até 60.000 toneladas por ano. Agora, só aceitam 30.000 toneladas, o que representa um corte de US$ 8,25 milhões na oferta. Eles também recuaram nas ofertas para o milho, o sorgo e o arroz.

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