Ciro não teve estrutura para ser líder, diz Tasso

Cotado para ser um dos senadores mais votados do País nas eleições de domingo, o ex-governador tucano Tasso Jereissati garante que não se arrepende de ter apostado na candidatura de seu afilhado político e amigo de longa data, Ciro Gomes, do PPS.

Faz, no entanto, um balanço crítico da campanha do candidato da Frente Trabalhista. “Acho que aconteceu uma série de equívocos e acho que o Ciro não teve uma estrutura suficiente em tamanho e em complexidade para enfrentar o desafio de ser líder”, afirmou Tasso, na noite de quinta-feira, após o último comício de sua campanha.

Com Ciro Gomes em quarto lugar na corrida pela sucessão de Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador já retomou os entendimentos com o PSDB para se engajar na campanha do presidenciável tucano José Serra, caso ele vá para o segundo turno nas eleições presidenciais contra o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. As articulações políticas para que Tasso apoie Serra estão sendo conduzidas pelo candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais, Aécio Neves, e pelo ex-governador Eduardo Azeredo.

Tasso e Aécio deverão se encontrar nos próximos dias para discutir de que forma o cearense participará da eventual campanha de Serra a partir de segunda-feira.

Mas desde já, Tasso mostra disposição em se empenhar na campanha de Serra. “Agora esse empenho depende das minhas limitações e das solicitações do comando da campanha. Não sou, como a gente diz aqui no Ceará, enxerido”, disse. Ele afirmou que está disposto a subir no palanque com Serra, mas observou que não pode garantir a transferência de votos para o tucano.

“Essa questão de transferência de votos é muito difícil”, ponderou.

Pragmático, Tasso Jereissati garantiu que não teme pelo futuro das relações do PSDB com o PT na eventualidade de Lula vir a ser eleito presidente no primeiro ou no segundo turno das eleições. “O PT não me assusta. Nem me assusta ir para a oposição”, afirmou Tasso, ao lembrar que ingressou na vida pública, há 16 anos, na condições de oposicionista.

E elogia Lula, de quem diz “gostar muito e admirar bastante”, apesar de discordar de posições do PT. “Acho o Lula um político extraordinário; um político que é fundamental para a minha geração. Se não tivesse o Lula na política haveria um espaço vazio importante que não teria se completado sem a figura do Lula”, disse.

Para Tasso Jereissati, o PSDB passará agora por um novo estágio, com a ascensão de uma nova geração tucana que tem, entre seus expoentes, o deputado Aécio Neves. Em sua avaliação, o partido passará a ter um perfil menos acadêmico dando lugar a lideranças mais populares.

“Todo um grupo de pessoas intelectuais, acadêmicas ligadas ao Serra e ao Fernando Henrique, que sempre predominaram como pensamento dentro do PSDB, naturalmente – não é porque são ruins – perdem o espaço na cena e ganham espaço outros nomes”, disse.

O ex-governador cearense faz questão de deixar claro que continua sendo um político do PSDB. Explica que por razões locais não pôde se envolver na campanha presidencial de Serra no primeiro turno das eleições. Alegou que, no Ceará, Ciro Gomes faz parte de seu grupo político. “A eleição para presidente é uma questão de consciência naquilo que você acredita e aqui, politicamente, não existiam condições para fazer uma farsa”, afirmou.

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