China reduz importação de farelo e óleo de soja

São Paulo – O Brasil está perdendo US$ 400 milhões por ano por causa de restrições à exportação de farelo e óleo de soja para a China. Segundo Carlo Lovatelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e diretor de negócios corporativos do grupo Bunge Brasil, a China está impondo cotas e impostos (VAT de 13%) à exportação de óleo e farelo de soja para que só seja exportado o grão de soja, produto de baixo valor agregado. "Só estamos exportando grãos do Brasil; valor agregado, esqueça", disse Lovatelli. "Todos estão mudando suas fábricas (de processamento de óleo e farelo) para a China."

Segundo Lovatelli, o Brasil deixou de exportar 1,5 milhão de tonelada de óleo e farelo de soja para a China por ano Esse volume passou a ser processado em fábricas na China. A redução drástica nessa exportação e substituição pelo produto sem valor agregado, o grão de soja, causa uma perda líquida de US$ 400 milhões por ano para o Brasil. Lovatelli calcula que, dentro de dois anos, o Brasil vai estar exportando apenas soja em grão para os chineses.

"E como os chineses só estão importando soja em grão, tivemos de instalar fábricas de processamento lá", diz Lovatelli Por isso, parte da capacidade de processamento da Bunge e de outras empresas está saindo do Brasil e sendo transferida para China.

A mudança faz parte de uma estratégia de longo prazo da China para agregar valor aos produtos localmente. Em 1995, a China não importava soja em grão, só óleo e farelo. De lá para cá, os chineses começaram a instalar indústrias de processamento e o Brasil foi deixando de exportar os produtos com valor agregado.

Em 2003, a China importou 541 mil toneladas de óleo de soja. Em 2004, foram 883 mil toneladas e, no ano passado, apenas 366 mil toneladas. Já a exportação de soja em grão cresceu em 2005: foram 6,1 milhões de toneladas em 2003, 5,678 milhões em 2004 e 7,158 milhões no ano passado.

A China consome 40 milhões de toneladas de soja por ano e só produz 16 milhões de toneladas. "E não há muitas condições de aumentarem essa produção de grãos porque a China não tem água nem solo disponível", afirmou.

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