Chegou o tempo dos idosos

O Carnaval vai passar e entraremos na Quaresma. O tema deste ano da Campanha da Fraternidade é “Pessoas idosas: vida, dignidade e esperança”. As estatísticas apontam que estamos caminhando para um país de idosos, onde o volume de pessoas com mais de 50 anos de idade vai ampliar em relação ao de jovens e crianças. Vamos caminhar para os passos da Europa, onde as idosos já compõem maioria da população.

Ao mesmo tempo vemos crescer a expectativa de vida das pessoas no Brasil. Ela já chega na casa dos 60 a 70 anos. Daqui a pouco estaremos no índice dos 100 anos. Tudo isso pela diferença de padrão de vida que hoje adotamos e pela conscientização das pessoas, que passaram a se preocupar mais com a prevenção da saúde.

Cabe aqui também, uma observação de que a saúde pública aderiu mais aos planos de prevenção. A medicina ficou mais atenta e já não é tanto curativa. Os investimentos que se fazem hoje para melhorar as condições de vida das pessoas é bem maior.

Resta saber agora, como está o aproveitamento dos idosos. Até que ponto estamos utilizando a experiência dessas pessoas para tornar nossas vidas também melhores. Quantos velhinhos hoje são jogados nos asilos, nas casas de repouso ou simplesmente abandonados pela família?

Muitos jovens ainda não se conscientizaram da importância que têm essas pessoas para o nosso progresso. Daí o valor da Igreja dedicar aos idosos o tema da Campanha da Fraternidade.

Gostei muito, outro dia, de uma frase dita por um velhinho: “Não quer ficar velho? É impossível! Só não fica velho quem morre jovem”. Pura realidade!

E o que dizer para aqueles que estão beirando os 40, 50 anos? Aquelas pessoas que começam a pensar numa expectativa de vida em torno de 10, 20 ou 30 anos no máximo? É inevitável. Afinal, quem chega aos 40, 50 e tem uma expectativa de vida de 60 a 70 anos, vai fatalmente entender que tem mais 30 anos de vida no máximo. E ainda carregando nas costas o peso dessa idade, acompanhado de rugas, doenças, perda da jovial vitalidade e assim por diante.

É por isso que devemos nos aproximar mais das pessoas idosas, repartir com elas nossos problemas, trocar experiências, confrontar com elas nossas visões do mundo.

É admirável os grupos de idosos formados por entidades públicas. É maravilhoso ver como eles remoçam, atingem um grau de felicidade diferente dos que se trancam na vida solitária, onde o abandono aprisiona, a desfeita causa feridas incuráveis, a indiferença das pessoas definha e os leva à morte prematura.

Melhor é saudarmos nossos velhos, respeitarmos seus limites, admirarmos suas experiências e convivermos com ele na busca de um mundo melhor. Ou então, como diz o ditado: “Para não ser velho, só morrendo jovem”.

Osni Gomes

é jornalista (osni@pron.com.br), editor em O Estado e escreve aos sábados neste espaço.

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