Chávez vai mudar o cálculo da persistente inflação

Às voltas com uma persistente inflação de 20,4% nos últimos 12 meses – segundo números divulgados na quinta-feira pelo Banco Central da Venezuela -, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou que mudará o método de cálculo do índice a partir de 1º de novembro. Diferentemente do cálculo atual, que leva em conta apenas a elevação de preços em Caracas, o novo método refletirá a situação de todas as regiões do país.

"Esta é uma mudança muito importante que nos aproximará muito mais da realidade", afirmou Chávez em seu programa Alô, Presidente! – que é levado ao ar de segunda a sexta-feira pelo rádio e às quintas-feiras, pela TV. No mesmo programa, o presidente anunciou a antecipação do corte de três zeros do bolívar, a moeda nacional. Segundo ele, o "bolívar forte" passará a vigorar a partir de 1º de janeiro de 2008, um mês antes do prazo anunciado por Chávez na semana passada. A taxa de câmbio oficial é hoje de 2.150 bolívares por dólar. Mas no câmbio paralelo – que continua a existir apesar das ameaças do governo de punir os campistas com prisão e confisco de moeda estrangeira – a cotação do dólar chega a até 2.750 bolívares.

Para tentar aliviar a pressão inflacionária, o governo de Chávez eliminou o Imposto sobre Valor Agregado de alguns produtos básicos, como carne, queijo e leite e anunciou uma redução da taxa – de 17% para 12% – que incide sobre todos os outros preços. A renúncia fiscal, segundo analistas venezuelanos, será compensada pelos ganhos causados pela alta do preço internacional do petróleo no ano passado.

A chamada "bonança petrolífera" aumentou o consumo e, conseqüentemente, a pressão sobre os preços. De janeiro a dezembro de 2006, a inflação venezuelana foi de 17% – a maior da região – e ameaça sair do controle. Para tentar contê-la, além das medidas heterodoxas, Chávez intensificou o controle de preços de vários produtos vendidos por supermercados e atacadistas.

No campo político, o Podemos, um dos maiores partidos da coalizão de 20 grupos que dá apoio a Chávez, rebelou-se hoje contra a proposta do presidente de concentrar todas as forças governistas numa única legenda. "Não participamos nem participaremos de pensamentos únicos, pois a Venezuela é uma sociedade diversificada e plural", disse o líder do Podemos, Ismael García. As informações são da Associated Press.

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