CCJ convida Okamoto para esclarecer dívida de Lula

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje requerimento convidando o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamoto, para comparecer à comissão e esclarecer pontos do seu depoimento à CPI dos Bingos que a oposição considera contraditórios com o conteúdo de entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao "Jornal Nacional", da TV Globo, sobre uma dívida com o PT a ele atribuída, de R$ 29.000, paga por Okamoto. No depoimento à CPI, Okamoto afirmou que o presidente Lula não sabia da dívida. Na entrevista ao "Jornal Nacional", Lula relatou ter dito a Okamoto: "Se você quiser que pague, eu não devo nada." Essa frase do presidente, na avaliação da oposição, significa que ele sabia da dívida, mas considerava que não cabia a ele pagá-la.

Comissões permanentes do Congresso, como a CCJ do Senado, não têm, diferentemente das CPIs, poder de convocar pessoas a prestarem depoimento. Okamoto, portanto, não é obrigado a atender ao convite da CCJ. Contra o requerimento, assinado pelos senadores do PSDB Tasso Jereissatti (CE) e Arthur Virgílio (AM), votaram apenas os senadores Romero Jucá (PMDB-RR), Ideli Salvatti (PT-SC) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE).

O senador petista Eduardo Suplicy (SP) votou a favor do requerimento, afirmando acreditar na declaração de Okamoto, feita à CPI, de que Lula não sabia da dívida. "Se ele (Okamoto) vier aqui, vai reiterar (a declaração). Então, não vejo objeção a que ele compareça", afirmou Suplicy.

Essa frase do petista deu início a uma discussão entre Suplicy e Jereissatti. "O presidente da República, então, mentiu? Ou o presidente estava mentindo, ou Okamoto cometeu perjúrio, não falou a verdade à CPI", afirmou Jereissatti. "Isso será devidamente conhecido", respondeu Suplicy.

Nessa altura, o presidente da CCJ, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), tomou a palavra, impedindo que a discussão prosseguisse.

Na avaliação de Arthur Virgílio, a hipótese mais provável é a de que Okamoto teria sido nomeado presidente do Sebrae para, com dinheiro (público) do salário, pagar a dívida. "É muito grave alguém ter pago uma dívida depois de ter sido nomeado para o cargo", afirmou Virgílio. Ele disse duvidar, porém, de que Okamoto compareça à CCJ para esclarecer o caso.

A senadora Ideli Salvatti, que é líder do PT no Senado, afirmou que a aprovação do requerimento convidando Okamoto é uma atitude "eleitoreira" da oposição: "Este é um assunto reincidente e está colocado no conceito eleitoreiro".

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