Caso de polícia

O desmatamento da Amazônia virou, como não poderia deixar de ser, um caso de polícia. Cerca de três centenas de agentes da Polícia Federal, Força Nacional de Segurança e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) montaram a operação Arco de Fogo, no município de Tailândia, a 235 quilômetros ao sul de Belém.

Levantamento preliminar mostrou às autoridades um quadro alarmante: das 90 serrarias existentes no território do citado município 69 são irregulares, e apenas 21 têm autorização legal para funcionar.

Outro dado comprometedor é que a maioria maciça dos registros das madeireiras e serrarias no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) encontra-se também em situação irregular. O desmatamento clandestino na região da Amazônia Legal é favorecido pela percepção generalizada, de que aquela área remota é uma terra de ninguém à mercê da rapinagem desenfreada.

Os integrantes da operação Arco de Fogo deverão atuar até o final do ano, realizando ações coercitivas em todos os estados da Amazônia Legal: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, oeste do Maranhão, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A base principal das operações tem em vista os 36 municípios (Tailândia é o primeiro) catalogados pelo governo federal como responsáveis pelos maiores índices de derrubada da floresta nativa em toda a região amazônica.

A fiscalização será feita por funcionários do Ibama, ao passo que a Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança estão encarregadas das medidas típicas de polícia judiciária e segurança dos agentes do poder público.

Fundado em 1979, o município de Tailândia tem mais de 66 mil habitantes, dos quais seis mil representam a força de trabalho do setor madeireiro. Com o recrudescimento da operação Arco de Fogo e a contenção do desmate ilegal, as autoridades temem que grande parte dessa mão-de-obra seja dispensada, agravando sobremaneira a problemática socioeconômica local.

A governadora do Pará, a petista Ana Júlia Carepa, prometeu dar cestas básicas aos desempregados, mas estes retrucaram que melhor seria providenciar a manutenção dos empregos.

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