Porto Alegre, 31 (AE) – As campanhas dos candidatos à prefeitura de Porto Alegre, José Fogaça (PPS) e Raul Pont (PT), fizeram denúncias recíprocas ao longo do dia sobre irregularidades na votação na capital gaúcha. As principais foram boca-de-urna, transporte ilegal de eleitores e voto fantasma – casos em que um eleitor vota com o documento de outro. O advogado da coligação PPS-PTB, Décio Itiberê Gomes de Oliveira, estimou que cerca de 50 ocorrências foram identificadas pela campanha de Fogaça. Já o advogado da Frente Popular, Jorge Garcia, disse que foram feitos dezenas de protestos durante o dia.
A Frente Popular divulgou que foram denunciados e conduzidos pela Brigada Militar ao plantão da Justiça Eleitoral, no Fórum Central de Porto Alegre, cinco ônibus com dezenas de pessoas e três caminhões com material de propaganda de Fogaça. Conforme o plantão eleitoral, foram realizadas 13 audiências envolvendo 28 pessoas até o final da tarde, relacionadas a diversas denúncias. Todos os envolvidos assinam um termo circunstanciado, que depois da eleição é distribuído para análise dos juízes e promotores das zonas eleitorais. O mais grave, segundo o advogado da Frente Popular, foi o fato de um fiscal ter visto um eleitor sair sem assinar a ata no Colégio Anchieta, na zona leste da capital. O fiscal pediu para ver a ata e constatou quatro votos sem assinatura. Garcia afirmou que a presidente da mesa “estranhamente” tinha o telefone de duas pessoas e ligou para a casa delas. Uma mãe informou que o filho estava na praia. Itiberê afirmou que a presidente de uma seção eleitoral tentou convencer eleitores a votar em Pont.
Conforme ele, a coligação também encontrou um fiscal da Frente Popular com camiseta do candidato na zona eleitoral, o que é proibido. Para coibir a possibilidade de fraude na votação Itiberê defendeu mudanças na legislação. Ele sugeriu que o eleitor seja obrigado a apresentar documento com foto ou que o título seja modificado para identificar o portador. Este tipo de denúncia sobre eleitores fantasmas, conforme Itiberê, já havia aparecido em Caxias do Sul, na disputa para o governo gaúcho em 2002. Garcia lembrou que a lei obriga o mesário a conferir a assinatura do eleitor, mas isso dificilmente ocorre. Ele também ponderou que uma solução seria exigir documento com foto, mas admitiu que isso atrasaria o processo eleitoral.
Para o advogado, a descoberta do “eleitor-fantasma” ocorreu porque este ano a votação ocorreu no meio de um feriado. Ele sugeriu que a coligação de Fogaça tenha a mesma preocupação, porque na realidade não se sabe em quem aqueles eleitores votaram.
Campanhas fazem denúncias recíprocas em Porto Alegre
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