Caminhoneiros mantêm protesto em Paranaguá

Continua o impasse em Paranaguá. Os caminhoneiros ligados ao Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam/PR) mantiveram durante todo o dia de ontem o bloqueio na entrada e saída do pátio de triagem do Porto, retendo cerca de 1,2 mil caminhões. Além de fechar o estacionamento, os manifestantes bloquearam parcialmente a rodovia na entrada da cidade, impedindo a passagem de caminhões carregados com soja. No início da noite, o final da fila de veículos transportando soja estava a aproximadamente cem quilômetros de Paranaguá, no Contorno Sul, na Cidade Industrial de Curitiba.

Os caminhoneiros autônomos reivindicam aumento da diária de R$ 0,25 para R$ 0,90 a tonelada/hora. O valor começa a ser pago aos motoristas duas horas após a passagem pelo posto de pedágio na BR-277. Representantes do Sindicam/PR e dos operadores portuários reuniram-se ontem de manhã para tratar da questão, mas não houve acordo. Os terminais propuseram pagar R$ 0,60 por tonelada/hora para os caminhões que estavam no porto e na fila. O presidente do Sindicam/PR, Diumar Bueno, não concordou com uma solução pontual e defendeu a intermediação da direção do porto na negociação.

Eduardo Requião, superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), reiterou que o porto não entrará na discussão. “Não podemos interferir numa questão comercial que não envolve o porto. Somos um prestador de serviços e não negociamos preços de diárias, coisa que já havia sido acertada numa oportunidade anterior, quando as diárias passaram a ser pagas duas horas depois da praça de pedágio, sendo o comprovante de pagamento do pedágio documento comprobatório da validade da diária”, declarou. “Nos solidarizamos à democracia da manifestação, mas desde que ela seja legítima, defenda os reais interesses da categoria e não prejudique a economia do Estado e do País”, disse Requião. “É lógica a reivindicação dos caminhoneiros, porque o frete dobrou de preço este ano e o valor da estadia continua o mesmo”, destacou o diretor técnico da Appa, Ogarito Linhares. “Os terminais entendem que precisa ser feito um novo acordo de frete entre embarcadores e caminhoneiros na origem da carga, não em Paranaguá”, informou.

Apesar da paralisação na descarga dos caminhões, o embarque dos navios estava normal, sendo interrompido somente pelas chuvas que têm caído quase todas as noites em Paranaguá. Ontem três navios carregavam soja, com destino à Europa e China. Linhares informou que há quase 700 mil toneladas de soja armazenadas nos terminais, cuja capacidade total é para 1,1 milhão de toneladas. “Pode acontecer um paradoxo de o movimento dos caminhoneiros terminar e não terem onde descarregar, porque os vagões continuam chegando e fechando espaço da carga dos caminhões”, comentou. Com tempo bom, a média de embarque é de 100 mil toneladas diárias.

Até 15 de abril, está programada a exportação de 2,3 milhão das 6 milhões de toneladas de soja que o Porto estima exportar esse ano. “Está havendo uma super safra e uma super venda. Assim fica difícil segurar a produção no interior”, observa Linhares.

Cotriguaçu

Em relação ao recebimento de soja com teor protéico abaixo do permitido pela Cotriguaçu, Linhares anunciou que a Claspar (Empresa de Classificação do Paraná) está controlando a saída dos produtos de exportação da cooperativa até o próximo final de semana. As despesas financeiras referentes à essa fiscalização ficarão a cargo da Cotriguaçu. Em reunião com o diretor técnico, o presidente da empresa, Valter Pitol, admitiu que o “batismo” foi um “pequeno deslize”, mas prometeu que o problema não se repetirá. Pitol informou que já iniciou uma investigação interna para apurar responsabilidades. Ele explicou a Linhares que o descarregamento dos caminhões fora dos padrões não foi orientado pela direção da empresa.

Voltar ao topo