Burocracia, sinônimo de eternidade

As coisas nunca estiveram tão difíceis como agora. Estava na hora do Governo Federal reeditar o malfadado Ministério da Desburocratização, dos tempos da Ditadura Militar. São raras as ocasiões que a gente entra num estabelecimento e sai satisfeito. Uma exceção outro dia o Mussa, nosso diretor de redação, registrou na coluna Mural, lembrando a eficiência do Detran, quando foi renovar a sua carteira de motorista. Coisa rara e que a gente tem que registrar com gosto.

Agora experimente entrar numa fila de Banco, no INSS, tente resolver algum problema no Juizado de Pequenas Causas ou dependa diretamente de qualquer solução que envolva a nossa Justiça. Prepare-se para sentar e esperar.

Há casos de repartições onde você tem que entrar na fila para pegar o elevador. E depois dizem que este é um defeito de curitibano, que temos mania de fila, que para qualquer coisa estamos entrando em alguma “indiana” qualquer. É meia verdade, pois se não fossem as filas, e nosso comportamento cordato, isso aqui viraria um caos.

Lembram do Hélio Beltrão, o ministro da Desburocratização? Pois ele tentou acabar com os documentos com firma reconhecida, carimbo pra cá, despacho pra lá. E hoje nem com toda a parafernália de computadores e centrais inteligentes não conseguimos sair do lugar.

Tudo começa pelo nosso expediente. O comércio abre às 9, fecha cedo. Mas o que funciona mesmo nesta cidade é a vida noturna. Bares, lanchonetes, restaurantes, boates, teatros, esses sim tem o verdadeiro faro de ganhar dinheiro. Tanto que para tomar uma cervejinha com os amigos em estabelecimentos de melhor qualidade virou moda pagar ingresso. As desculpas são sempre as mesmas: som ambiente, couvert artístico e por aí afora. Se bem que às vezes seria até interessante a gente pagar para que o tal do músico ficasse inerte, tipo, pare a música por uma meia hora, dê um descanso, coloque um som mecânico agradável e me deixe em paz!

Mas voltando no nosso tema, a burocracia está nos fazendo andar cada vez mais devagar. E ninguém se apercebe disso. Por que as repartições públicas não funcionam nos finais de semana? Por que o judiciário não redistribui trabalhos e também passa a funcionar nos feriados. Por que nossos órgãos oficiais não reescalonam folgas e ampliam seus horários de atendimento público. Não é preciso nem aumentar as cargas horárias de trabalho, basta uma redistribuição.

As medidas são sempre estranhas, como aconteceu numa época com a Prefeitura de Ponta Grossa e mais recentemente com o governo do Estado que passou a funcionar em meio expediente para “economizar energia”. Lá em Ponta Grossa inauguraram a Nova (hoje já está velha) Prefeitura e o atendimento público passou a ser apenas vespertino. Com isso perdeu o público, os documentos se entulharam nas gavetas. E é o que acontece em toda repartição pública deste Brasil. Não é à toa que se diz que o ano novo no país só começa depois do Carnaval. Que saudade da Desburocratização. Enquanto isso… assim caminha a “eternidade”!!!!

Osni Gomes

(osni@pron.com.br) é editor em O Estado e um descrente da eficiência da atividade pública.

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