Novecentas e oitenta e seis pessoas que vivem nas chamadas Zonas de Autossalvamento (ZAS) tiveram que sair de suas casas depois que a barragem I da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu, há cerca de um mês; 286 delas saíram das localidades de Córrego do Feijão, Parque da Cachoeira e das áreas mais atingidas pela lama. O restante foi retirado por segurança de áreas impactadas por sete estruturas que tiveram o grau de risco elevado após a tragédia. De Barão de Cocais, área de impacto da barragem Sul Superior, que atende ao complexo de mineração de Brucutu, foram deslocadas 450 pessoas.

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Analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, avaliam que a medida é essencial para a retomada das operações do Complexo de Brucutu. A unidade produz 35 milhões de toneladas de minério de ferro e é um dos pontos de maior atenção do mercado em relação à capacidade da companhia de lidar com os desdobramentos da crise. Não estava no plano de descomissionamento anunciado pela Vale após o rompimento, mas teve a produção interrompida porque a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais suspendeu a licença operacional provisória que o mantinha em funcionamento.

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A informação sobre o número de pessoas foi obtida pelo Broadcast com a mineradora. De acordo com a companhia, cerca de 500 moradores optaram por ficar em hotéis da região e outros 200 foram para a casa de parentes. Não há informações ainda sobre o pagamento de indenizações, a compra dos imóveis ou outras medidas de compensação.

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A retirada dos moradores das áreas de impacto direto da lama era considerada essencial logo após a tragédia. Na época, o diretor de relações institucionais da Associação de Municípios Mineradoras, Waldir Salvador, disse que a medida seria uma das mais imediatas e que o governo precisaria assumir o papel de árbitro entre as mineradoras, os moradores das áreas impactadas e outras atividades. Entre outras atividades, algumas regiões são destinos turísticos e têm um grande número de hotéis e pousadas.

Vale informa que manterá pagamentos a empregados

Em audiência realizada hoje, a Vale informou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) que vai manter o pagamento de 2/3 dos salários de todos os empregados próprios e terceiros que faleceram devido ao rompimento da Barragem I na mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho. A decisão está em linha com a proposta de indenização da companhia, que prevê o pagamento de 2/3 do salário até a data em que o trabalhador completaria com taxa de desconto de 6% ao ano, caso seja feita a antecipação.

De acordo com a companhia, o pagamento será mantido por um ano ou até que seja fechado um acordo definitivo de indenização, mas o valor total será deduzido da indenização futura. Os desaparecidos continuarão recebendo o salário integral até que seu falecimento seja oficializado pelas autoridades.

A iniciativa foi comunicada durante a segunda audiência para negociar um acordo de indenização. Uma ação nesse sentido corre na 5ª Vara do Trabalho. O depósito será feito até 20 dias úteis após a Previdência Social responder ao ofício judicial informando quem são os dependentes dos empregados falecidos que tem direito a receber o pagamento.

A empresa também se comprometeu a só transferir empregados após prévia consulta e concordância do trabalhador, priorizando o local de origem do empregado. DE acordo com a empresa, a tais pontos se somam aos compromissos já assumidos anteriormente, como o pagamento das despesas com funeral e verbas rescisórias das vítimas fatais, e plano de saúde vitalício para viúvas (os) e companheiras (os).