Vice de Ciro acusado de superfaturar compra

Rio – Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista (PPS-PDT-PTB), foi intimado pelo Ministério Público Federal a depor sexta-feira, num processo que investiga suposto mau uso de verbas federais pela Força Sindical, que presidiu. A informação é da revista Época desta semana. O processo se refere aos indícios de superfaturamento de R$ 1 milhão, além de outras irregularidades, na compra, com dinheiro público, de uma fazenda para a Força Sindical em São Paulo.

Em abril de 2001, Paulinho Pereira da Silva anunciou a implantação de um projeto-piloto na Fazenda Ceres, em Piraju. Com R$ 2,75 milhões liberados pelo Banco da Terra, a Força Sindical daria terra e casa a 72 famílias. Hoje a agrovila está deserta. Há suspeitas de que parte do dinheiro foi parar na Força Sindical. Segundo Célio Vieira da Silva, procurador da República em Marília, que vai interrogar o sindicalista sexta-feira, um fazendeiro vizinho disse que antes de ser comprada pelo Banco da Terra a fazenda esteve mais de um ano à venda por R$ 1 milhão.

Em 25 de abril de 2001, o agrônomo Francisco de Assis Nogueira Rodrigues contou que recusou convite do representante do banco para elaborar o projeto de viabilidade técnico-econômica do assentamento porque a comissão que deveria receber iria para a Força Sindical. O idealizador do programa de assentamentos da Força é João Pedro de Moura. Sua mulher, Beatrice, era gerente nacional do Banco da Terra. Assessores do Ministério do Desenvolvimento Agrário dizem ela influia na liberação dos recursos. Beatrice foi demitida.

Sempre que lhe fazem perguntas sobre seus bens, Paulinho responde que o único é a casa em que vive. Mas a revista “Época” afirma que ele manteve por três anos e meio um sítio em nome de um laranja. O negócio foi confirmado pelo antigo dono, um agricultor, pelo novo, um comerciante, e por vários vizinhos, que se lembram de Paulinho. Na área sindical, Paulinho é acusado de fazer acordos em que trocava benefícios dos trabalhadores por comissões em dinheiro destinadas às entidades que dirigia. Até a Fiesp o denunciou. “Os representados (os trabalhadores) estavam sendo prejudicados”, disse o presidente, Horácio Lafer Piva, em carta aos associados.

Dores de cabeça

Apesar de estar em ascensão nas pesquisas, Ciro Gomes começa a enfrentar dores de cabeça. A primeira foi o afastamento do senador Roberto Freire do comando de sua campanha, a segunda são as denúncias contra o deputado José Carlos Martinez (coordenador da campanha de Ciro) e agora o problema de lisura com recursos públicos, de seu candidato a vice. Paulinho ganhou destaque no cenário nacional ao substituir Luiz Antonio de Medeiros – hoje deputado federal pelo PL de São Paulo – no comando da Força Sindical.

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