Os 20 primeiros dias do verão mostraram que a estação será mais quente. As temperaturas, segundo o Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), de São José dos Campos, no Vale do Paraíba (SP), estão de 2 a 3 graus Celsius acima das médias históricas. Em dezembro, por exemplo, em Minas Gerais e São Paulo, a média máxima, que, normalmente, variava entre 28 e 30 graus, ficou entre 32 e 34 graus.

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No Rio, a variação também oscila entre 2 e 3 graus e a média, que antes era de 32, está em 34. "Dois fatores contribuem para que o verão tenha temperaturas com valores acima da média, o fenômeno La Niña e o sistema de escala de menor tempo", diz o meteorologista Linconl Alves, do Grupo de Previsão Climática do Inpe.

Segundo Alves, as frentes frias, por exemplo, têm menor tempo de duração porque chegam mais fracas à Região Sudeste. "Temos um sistema de alta pressão que funciona como se fosse um ventilador de cima para baixo, que empurra os ventos para baixo, impedindo a formação de nuvens." Esse sistema também enfraquece as frentes frias, segundo o meteorologista. Outro fator que contribui para o calor é o fenômeno La Niña, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico Equatorial.

"A atuação do La Niña provoca ventos intensos no alto nível da atmosfera, o que dificulta o avanço das frentes frias." O fenômeno, que funciona como um ventilador, também impede as chuvas, provocadas sempre pela chegada de frentes frias. Por este motivo, o verão, além de quente, também deve ser mais seco. Segundo um comparativo analisado pelos especialistas em meteorologia do Cptec, a situação de estiagem é a pior dos últimos quatro anos e a energia armazenada em reservatórios, a menor também no mesmo período.

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Capacidade

"Estamos operando com apenas 30%da capacidade, sendo dados do ONS. Se continuar desta forma, sem chuva, haverá racionamento", alerta o pesquisador Marcelo Enrique Seluchi, chefe de Operações do Cptec, referindo-se ao Operador Nacional do Sistema Elétrico. Em dezembro, por exemplo, choveu, em média, cerca de cem milímetros a menos nas regiões de São Paulo, Minas Gerais e Rio. "A situação é grave porque choveu pouco em Minas, onde está a nascente do Rio São Francisco, e em São Paulo e Mato Grosso do Sul também, onde estão as nascentes do Rio Paraná." O Rio Paraná abastece a Usina de Itaipu, considerada a maior hidrelétrica em operação no mundo. A média história de chuva dos últimos 30 anos para dezembro é de 250 milímetros por metro quadrado.

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