Venda de bilhete de ônibus sobe até 35% após tragédia

As empresas de transporte rodoviário já começam a absorver a demanda de passageiros inseguros com os riscos do sistema aéreo, principalmente no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ou aqueles que não querem enfrentar sucessivos atrasos de aviões, mais acentuados em dias de chuva, quando as operações são temporariamente suspensas, como hoje.

A empresa Itapemirim registrou desde o acidente com a TAM, na terça-feira, em São Paulo, um incremento de 10% a 15% nas viagens de curta e média duração, como Rio de Janeiro, Curitiba e cidades do Espírito Santo e Minas Gerais – todas com origem em São Paulo. O superintendente da Viação Itapemirim, Ronaldo Fassarella, é incisivo: o usuário do transporte aéreo, que tem esses locais como destino, teve reação praticamente imediata após a maior tragédia aérea do País, que deixou 199 mortos.

"Diferentemente do caso da Gol e dos atrasos que vieram em seguida, esse acidente da TAM provocou reação imediata do usuário aéreo e da sociedade como um todo, pela proporção que teve e o fato de ter ocorrido no meio da cidade de São Paulo", afirmou Fassarella. "Essa tragédia mexeu muito mais com as pessoas", emendou.

Outra empresa que também registrou significativo aumento de passageiros foi a Auto Aviação 1001. Para se ter uma idéia, as viagens para o Rio de Janeiro, com partida do Terminal Tietê, em São Paulo, registraram só nesta última semana um crescimento de 35% neste itinerário. Na comparação com julho de 2006, o avanço é de 30%. O gerente setorial da empresa, Daniel Oliveira, concorda: o avanço é, entre outros fatores, decorrente da crise aérea e da tragédia com a TAM.

Férias, Pan e crise

"Temos férias escolares, os jogos Pan-Americanos e o resíduo da crise aérea", declara Oliveira. Ele revela ainda que por conta dos problemas no setor aéreo os passageiros estão, sim, optando por encarar os ônibus e as estradas, em vez de aviões. "As pessoas estão preferindo os ônibus, do que enfrentar os atrasos. Para o Rio, que são seis horas de viagem partindo de São Paulo, este crescimento é maior", informou.

As vantagens do sistema rodoviário se verificam também nos preços. Uma passagem pela 1001 para o Rio de Janeiro tem valores que variam de R$ 63,00 a R$ 75,00 – este último, em ônibus considerado de "primeira classe". Já na Viação Itapemirim, os preços giram em torno de R$ 55,00.

A empresa aérea Gol comercializa tíquetes, em média, de R$ 199 00 na conexão Rio-São Paulo, com partida em Congonhas e chegada no Santos Dumont. A TAM, por sua vez, oferece passagens que variam de R$ 239,50 a R$ 589,50. Numa comparação com a passagem de R$ 75,00, da Viação 1001, e da mais em conta na TAM, de R$ 239,50, a diferença é superior a 200% ou três vezes maior. No fim das contas, com o valor de um bilhete aéreo SP-Rio, é possível para uma viagem de ida e volta de ônibus e ainda sobra dinheiro para mais um tíquete de ida. Com um adendo: a certeza de chegar com mais precisão no horário previsto.

Negócios

Ainda assim, apesar dos entraves, as vendas continuam aquecidas no setor aéreo, até porque, segundo especialistas, dois terços das viagens realizadas hoje são de negócios, o que exige agilidade que a viagem de ônibus não tem. Com a crise aérea, a saída para os empresários tem sido programar a viagem para um dia antes ou arriscar e contar com a sorte do vôo não ser transferido ou cancelado.

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