Veículos roubados nos EUA são vendidos no Brasil

Rio – O deputado federal Hidekazu Takayama (PMDB-PR), relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o desmanche de veículos e a atuação das seguradoras e lojas de “salvados”, revelou que o fato mais importante levantado durante os dois dias de audiência pública no Rio foi de que o Brasil está importando carros roubados nos EUA, principalmente em Miami.

A informação faz parte do depoimento prestado pelo diretor de Registro de Veículos do Rio, Marcos André Chut. Segundo ele, os carros roubados entram no país por meio do Porto do Espírito Santo e, em seguida, são comercializados nos grandes centros, como Rio e São Paulo.

Ele revelou ainda que cerca de dez mil veículos de transporte, como vans, ônibus, táxis e caminhões, estão circulando no Rio de Janeiro com laudos de vistorias falsos, emitidos em Pernambuco. O órgão descobriu recentemente essa modalidade de crime e já encaminhou um completo “dossiê” para o Ministério Público de Pernambuco, para que o caso seja melhor investigado e os responsáveis processados. Calcula-se que cerca de 30 despachantes estejam envolvidos na fraude.

Quanto aos laudos falsos, Takayama disse que a responsabilidade é do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro), que de acordo com a lei não poderia em hipótese alguma credenciar empresas privadas para a vistoria veicular. “Portanto, constatamos que no Rio 60% dos veículos vistoriados estão irregulares, porque as empresas não poderiam ser credenciadas pelo Inmetro”, reforçou.

Legislação

O senador Romeu Tuma (PFL/SP), presidente da comissão, disse que o objetivo da CPMI é regulamentar a legislação federal já existente para acabar com a comercialização dos carros “salvados”, aumentando a fiscalização em seguradoras e nas firmas de desmanches e buscar apoio aos Detrans e às polícias como órgãos fiscalizadores. “Temos sentido que por traz de tudo isto existe uma rede criminosa, que tem interligação com vários segmentos, como seguradores, desmanches e até lojas revendedoras. Elas (seguradoras) estão considerando como perda total veículos com um simples arranhão.”

O delegado da Divisão de Roubos e Furtos do Rio, Rafik Louzada, revelou ao deputado Takayama e ao senador Romeu Tuma que, em maio de 2003, 82 estabelecimentos de desmanche foram fechados por apresentarem irregularidades administrativas. Disse ainda que vai propor ao secretário estadual de Segurança Pública, Anthony Garotinho, que seja criada uma lei que determine a terceirização dos depósitos que armazenam os carros apreendidos nas ruas. “Assim, será mais fácil fiscalizar e impedir a venda irregular de peças”, justificou.

Outro fato importante da passagem dos deputados pelo Rio foi a violação da bagagem do deputado Takayama e o sumiço de alguns documentos. Os lacres da pasta do deputado paranaense foram rompidos no aeroporto, mas apesar do alerta não houve recuperação dos papéis roubados.

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