O Ministério Público Estadual de Minas Gerais propôs um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) à mineradora Samarco para agilizar o atendimento emergencial das famílias atingidas pela lama da barragem do Fundão e deu um “ultimato” à empresa: “Se o TAC não for assinado até o dia 9 (próxima quarta-feira), vou propor duas ações, uma contra a Samarco e outra contra a Vale e a BHP (controladoras da Samarco)”, disse o promotor de Direitos Humanos Guilherme Meneghin.

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Passado quase um mês do desastre da Samarco, 245 das 296 famílias desabrigadas pela tragédia continuam instaladas em hotéis da cidade, segundo balanço divulgado pela mineradora na terça-feira, 1. As outras 51 famílias conseguiram acomodação em casas da região de Mariana.

O presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, esteve no fórum de Mariana na terça-feira para receber o TAC e foi interrogado pelo promotor. Saiu sem responder a perguntas, mas fez uma declaração: “Viemos aqui prestar esclarecimentos, como sempre em uma postura de colaboração com as autoridades, de forma transparente e aberta e nessa ocasião o Ministério Público também nos apresentou a proposta de termo de compromisso que nós vamos estudar e dar a resposta”.

O termo, que é um acordo extrajudicial, tem 21 itens. Parte deles trata de ações que a empresa deve adotar ainda em caráter emergencial, como acomodação das famílias desabrigadas em casas e auxílio para que elas retomem suas atividades econômicas, e parte já trata da indenização das famílias. “Tem autônomo que só precisa de um carro para voltar a trabalhar”, conta Meneghin.

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Segundo o promotor, um dos itens oficializa a obrigação de a Samarco reconstruir Bento Rodrigues e diz que os detalhes da reconstrução deverão ser acordados com uma comissão eleita pelos moradores, que vai acompanhar o processo.

Essa comissão já definiu que quer mais dinheiro do que a Samarco se predispôs a pagar para cada vítima atingida, que é um salário mínimo (R$ 788) para cada família, com mais 20% por dependente.

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“Os moradores querem R$ 1.500, mais 30% por dependente. Se a Samarco não concordar com isso, posso ajuizar uma ação só para isso, independentemente dos demais termos do TAC”, disse o promotor.

Segundo Meneghin, o presidente da Samarco disse que acordos como esse teriam de passar pelo conselho da administração da empresa, que teria duas cadeiras para pessoas indicadas pela Vale e duas pela BHP.

Para o promotor, a informação facilita ações futuras contra as controladoras da mineradora. “Não há dúvida de que elas interferem”, disse o promotor, ao afirmar que, caso o acordo não seja costurado, pedirá a dissociação jurídica da Samarco, para processar seus donos.

Acomodação

O promotor Meneghin classifica a demora em reacomodar as famílias como “absurda” e cita casos de mulheres grávidas abrigadas em hotéis, sem o que ele chama de “condições adequadas”. Entre quem já está acomodado em casas alugadas, o sentimento é de alívio. As casas estão sendo entregues mobiliadas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.