Tucanos procuram controlar a euforia

São Paulo – Escalar o candidato do PSDB para o jogo sucessório de 2006 está, ao menos em parte, nas mãos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para isso, o mais graduado tucano assumiu o comando político-eleitoral do partido e entra cada vez com mais freqüência em campo para jogar em duas frentes: neutralizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contemporizar a disputa que joga para lados opostos o prefeito paulistano José Serra e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que se movimentam em torno da candidatura ano que vem.

Esta segunda tarefa, inclusive, tem sido a que mais ocupa a agenda do ex-presidente. Em meio a telefonemas, encontros oficiais e jantares em seu novo apartamento, na Rua Rio de Janeiro, no bairro de Higienópolis, Fernando Henrique cumpre maratona para fazer o partido tomar a melhor posição possível no cenário de crise.

A preocupação do ex-presidente, entretanto, tem sido em relação aos ânimos que envolvem as possíveis candidaturas de Serra e Alckmin, principalmente depois do resultado das pesquisas de opinião, que deixam o prefeito de São Paulo com maiores chances de bater Lula em 2006. Na simulação, Serra obteria 44% dos votos, contra 35% de Lula. Alckmin teria oportunidade mais reduzidas: apenas 11%, contra 32% de Lula.

"Depois dessa pesquisa, ele (FHC) tem agido como um bombeiro para apagar o fogo entre Serra e Alckmin", diz um amigo do ex-presidente que prefere o anonimato. Por conta das rusgas do prefeito com o governador, o alto tucanato evita comemorações públicas. A preferência do eleitor por Serra não ganha simpatizantes no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

FHC não descarta sua candidatura

São Paulo – A hipótese de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso trabalhar seu próprio nome para 2006 não é totalmente descartada entre líderes do PSDB. No entanto, o próprio filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, descarta a possibilidade de o pai ser candidato. Para ele, Fernando Henrique só tentaria uma nova eleição dentro de um projeto de "salvação nacional". "O que meu pai quer é influenciar no processo sucessório. Ele só sairia candidato se fosse um projeto de salvação nacional. Se o país tivesse um caos e não houvesse qualquer outro candidato, o que não é caso. Aos 74 anos, meu pai não está disposto a enfrentar uma desgastante campanha eleitoral", argumenta Paulo Henrique Cardoso.

A interlocutores, Fernando Henrique não esconde que prefere agir nos bastidores, embora não se negue a dar palestras e entrevistas nas quais tem criticado duramente o PT e o governo Lula. "O PT não sabe governar, mas é bom para fazer oposição. Por isso, todo cuidado é pouco", argumenta um dirigente nacional do PSDB. Possível postulante de uma candidatura à Presidência, o governador Aécio Neves não descarta também o nome do ex-presidente. "O PSDB tem o privilégio de ter vários nomes (para a disputa de 2006). Eu, por exemplo, vou agora experimentar o bom vinho de alguém que, ao meu ver, é extremamente qualificado para esse enfrentamento", disse Aécio antes do jantar com Fernando Henrique.

O deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP) também não exclui a participação de Fernando Henrique no processo sucessório. Segundo ele, o ex-presidente, "ao contrário de Lula", não governou "com base em mentiras". "Certamente o presidente Fernando Henrique Cardoso teria sucesso. Mas essa (a escolha do nome) não é uma discussão que entrou na pauta do partido ainda", disse Goldman.

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