TRF manda prender 8 em São Paulo

São Paulo – A desembargadora federal Teresinha Caserta, do Tribunal Regional Federal (TRF), em São Paulo, decretou ontem a prisão temporária por cinco dias de oito supostos envolvidos em esquema de corrupção que abrangeria policiais federais, juizes federais e advogados. Acolhendo pedido do Ministério Público, foram expedidos mandados de prisão contra o delegado federal José Belini, agente federal César Herman, José Luiz Bezerra da Silva, Vagner Rocha que intermediária o esquema de corrupção, Norma Cunha, ex-mulher do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, advogados Carlos Alberto da Costa, Afonso Passareli e Sergio Chiamorelli.

O processo corre em segredo de justiça e os presos estão incomunicáveis nas dependências da Policia Federal na Lapa, guardadas por agentes de Brasília. É proibida a aproximação de policiais federais de São Paulo. A desembargadora Teresinha Caserta expediu também mandado de busca e apreensão autorizando a invasão da residência do juiz João Carlos da Rocha Matos. Vários documentos foram apreendidos.

A área de inteligência da Polícia Federal trabalhou um ano e meio para levantar a ação do grupo que começa a ser desmantelado, depois de ter recebido uma denúncia anônima em Alagoas. As investigações indicaram que a base de operação estava em São Paulo, mas haviam ramificações em Maceió, Pará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul e atuavam principalmente na facilitação ao contrabando e tráfico de influência. Segundo a PF, os integrantes do grupo preso intermediavam sentenças judiciais.

O delegado federal aposentado Jorge Luiz, que hoje trabalha como advogado, é apontado como um dos intermediadores em casos de sentença. “Ele, por conhecer bem a área, ajudava a facilitar as sentenças” afirma um integrante da cúpula da PF. Ontem, em nota oficial, a instituição confirmou que, mesmo com o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público Federal, as investigações vão continuar em todo o País. A Polícia Federal não descarta novas prisões além das oito já realizadas ontem em São Paulo.

Toda a operação foi feita em sigilo. Para evitar o vazamento de informações, a PF e o Ministério Público Federal fizeram os pedidos de prisão e de busca e apreensão junto ao Tribunal Regional Federal e não na primeira instância da Justiça Federal. Logo pela manhã, o resultado da ação foi comunicada ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mas nenhuma autoridade do governo tinha detalhes. “As investigações prosseguem e tudo corre em segredo de justiça”, justificou o diretor da PF, Paulo Lacerda.

O que mais abalou a instituição foi o suposto envolvimento do delegado federal José Augusto Belini com o esquema. “Ele era considerado, até então, um ícone dentro da Polícia Federal”, lamentou um colega.

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