Os três policiais militares do Rio que tiveram a prisão preventiva decretada nesta terça-feira, 22, sob acusação de envolvimento no sumiço do pedreiro Amarildo de Souza se entregaram nesta quarta-feira, 23, à tarde. Os sargentos Lourival Moreira da Silva, de 40 anos, e Reinaldo Gonçalves dos Santos e o soldado Wagner Soares do Nascimento, de 31 anos, se apresentaram no Quartel General da PM, no centro do Rio.

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Eles foram encaminhados para exames no Instituto Médico Legal, por volta das 19 horas, e depois seriam encaminhados à Unidade Prisional da Polícia Militar, em Benfica, na zona norte, onde ficarão detidos. Outros dez PMs acusados pelo crime estão presos desde 4 de outubro. Todos atuavam na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio, e são acusados de torturar até a morte o pedreiro, de 43 anos, na noite de 14 de junho. O corpo de Amarildo não foi localizado.

 

Dos 13 presos, só os dois oficiais que tinham cargos de chefia na UPP – o major Edson Santos e o tenente Luiz Felipe de Medeiros – não estão no presídio exclusivo de PMs. Eles foram transferidos no dia 18 para a penitenciária de Bangu 8, na zona oeste, a pedido do Ministério Público, porque, segundo a instituição, estavam se impondo sobre os ex-subordinados para evitar depoimentos que os incriminassem. Nesta quarta-feira, a 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou habeas corpus pedido pelo major e pelo tenente e manteve os policiais presos.

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Ao todo, 29 PMs foram investigados. Desses, quatro foram considerados inocentes e 25 são acusados pela tortura seguida de morte de Amarildo. Treze estão presos e os outros 12 policiais não tiveram a prisão pedida pelo Ministério Público porque, na avaliação do órgão, tiveram participação menos decisiva no crime e a liberdade deles não interfere no trâmite do processo.

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Além do crime de tortura, pelo qual todos são acusados, 17 policiais foram denunciados por ocultação de cadáver, 4 por fraude processual e 13 por formação de quadrilha.

Além de decretar a prisão dos três policiais, anteontem, a juíza Daniella Alvarez Prado, da 35ª Vara Criminal do Rio, também aceitou a denúncia contra os 25 Pms.

“Os delitos imputados (…) afrontam toda a sociedade, na medida em que as UPPs (…) foram criadas com o fito de apaziguarem as comunidades dominadas pelas facções criminosas e coibirem o tráfico ilícito de entorpecentes. Os acusados (…) supostamente tornaram-se tão criminosos quanto os criminosos que perseguiam”, escreveu a juíza em sua decisão.

Amarildo morava na Rocinha e foi conduzido por PMs à UPP para “averiguação”, em 14 de julho. Ele desapareceu, e a Polícia Civil acusou dez policiais de tê-lo torturado até a morte. Após dar continuidade à investigação e ouvir o depoimento de cinco PMs que trabalhavam na UPP e testemunharam o crime, anteontem o Ministério Público acusou mais 15 policiais de envolvimento no crime.