Três escolas favoritas em SP

A Nenê de Vila Matilde foi a melhor entre as sete escolas que desfilaram na segunda noite de apresentações no sambódromo paulistano. Com um enredo que homenageava o cartunista Ziraldo, a águia da zona leste empolgou o público, que estava bem mais animado do que na primeira noite, apesar de menor. Seus personagens passaram pela avenida em carros e fantasias e ele mesmo foi destaque de um dos carros.

Alguns pontos altos da apresentação foram a bateria com marcações de fazer o chão tremer e viradas de balançar a arquibancada – e a resposta crescente do público, que cantou com Baby o samba deste ano. Seu Nenê, que veio à frente de sua escola, usou de sua tradicional pouca modéstia para falar da bateria depois do desfile. “Isso nunca vai mal”, disse. “Nosso carnaval não é de salão, a gente nasceu na rua.” A escola da Vila Matilde mostrou as várias facetas de Ziraldo. De seu Menino Maluquinho até o Pasquim – com jornais impressos com a manchete “Paz” para o desfile -, a história contada pela Nenê valeu um lugar ao lado da Gaviões e da Vai-Vai como favorita ao título.

Camisa

Mas, como salientou o presidente da Liga das Escolas de Samba, Robson de Oliveira, as apresentações foram bem equilibradas e é possível que a apuração, a despeito de favoritismos, apresente surpresas. Uma delas pode ser a Camisa Verde e Branco. Com um desfile bonito e correto, a escola, que completa 50 anos, se apresentou muito colorida para contar a história da Revolta da Chibata.

A bateria deu um show à parte e o samba foi cantado por toda a escola. Os carros estavam muito bonitos e explicavam bem o enredo. A Camisa foi certamente a que mais gastou com plumas para enfeitar os destaques dos carros. Os problemas da agremiação da Barra Funda foram pequenos deslizes na evolução e na harmonia. Na saída, por exemplo, os diretores calcularam mal o tamanho da escola e passaram depressa demais. A bateria ficou mais de cinco minutos parada, esperando o relógio andar, para sair da passarela.

A X-9 Paulistana, que, apesar de desfilar quando amanhecia e o público já havia diminuído, fez uma apresentação técnica e sem quase erro nenhum. O risco para a X-9 é o enredo sobre o Rio Pinheiros, que deixou a escola um tanto limitada e por vezes monótona, com alas muito iguais umas às outras. Sobraram garrafas plásticas e latas de cerveja e refrigerante nos adornos dos componentes.

O público que ficou até o fim aplaudiu a escola e cantou com Royce do Cavaco o samba deste ano. A escola como um todo cantou a música e, apesar da hora, os componentes estavam bem animados, o que conta pontos em evolução. Mesmo com o estresse dos diretores de harmonia com um ou outro folião que atrasava a ala ou deixava buracos, a X-9 praticamente não teve problemas de harmonia.

Mocidade

A Mocidade Alegre perdeu grande chance de fazer um de seus melhores desfiles dos últimos anos. A morada do samba entrou animada, com o samba na ponta da língua de praticamente todos os componentes, bons carros, fantasias corretas. Mas quando a bateria recuou para seu box foi um desastre. O buraco enorme que se formou deve prejudicá-la em harmonia e em evolução.

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