Tráfico mata tenente; outro ônibus é queimado

Rio

– O Rio teve ontem, mais uma madrugada violenta, apesar da operação Rio Seguro. Na Avenida Brasil, zona norte da cidade, um tenente da Marinha foi executado pelos traficantes e um caminhoneiro foi ferido de raspão. Um ônibus foi queimado, aumentando para 38 o número de ônibus destruídos nos últimos cinco dias. No Morro do Vidigal, na zona sul, uma moradora e um policial foram baleados em tiroteio na quinta-feira à noite. Ninguém foi preso.

O tiroteio de mais de três horas na Avenida Brasil, uma das principais vias do Rio, foi entre traficantes da favela Vila do João e policiais da Coordenadoria de Operações Especiais (Core). Os bandidos atacaram o Palio do segundo-tenente da Marinha Érico Valle Petizolo, de 33 anos, que foi executado. O oficial, natural do Mato Grosso do Sul, trabalhava na companhia de comando central da Ilha do Governador, na zona norte do Rio, e morava em Santa Cruz, na zona oeste. Cerca de cem policiais civis e militares participaram da operação. Na troca de tiros, que durou meia hora, o tenente foi abordado por um grupo de criminosos. Segundo a polícia, ele reagiu e foi baleado na cabeça.

Muito abalada, a família do tenente morto não quis comentar o crime. Ele tinha três filhos. Segundo amigos da família, o oficial ia para casa com a irmã e um colega, quando tentou desviar dos traficantes. Outra versão diz que ele foi obrigado a parar e não teria reagido. Levou um tiro à queima-roupa. O carro não foi roubado. Petizolo será enterrado em Mato Grosso do Sul. O caminhoneiro Luiz Renato Vieira Pinho, de 38 anos, foi ferido de raspão e roubado pelo bando. Ele é de Santa Catarina e ia do Rio para Niterói.

Os traficantes atacaram também um ônibus da Viação 1001 que seguia para São Paulo com 26 passageiros, entre eles, crianças. Os vidros do veículo ficaram com marcas dos tiros dos bandidos, que tentaram incendiá-lo mas foram contidos pela polícia. Em pânico, os passageiros deitaram no chão. “Todos nós tememos o pior, nos apegamos muito a Deus. Eu rezava e percebi que os outros também faziam suas orações”, disse o arquiteto Fernando Carlos.

O tiroteio na Avenida Brasil foi por volta de 1 hora. A via ficou fechada ao trânsito nos dois sentidos. Durante o confusão, bandidos da favela Nelson Mandela aproveitaram para assaltar os motoristas que ficaram parados na via. Depois, incendiaram um ônibus. A situação só foi controlada com o reforço no policiamento. Um helicóptero foi utilizado.

Na noite de quinta-feira, no Morro do Vidigal, em São Conrado, na zona sul, a moradora Josefa Severino da Silva, de 52 anos, foi atingida na coxa esquerda por uma bala perdida e o soldado Robson Pires Viana, de 24, que participava do patrulhamento na favela, ficou ferido na cintura, durante tiroteio entre PMs e traficantes. Eles passam bem. Segundo a polícia, o confronto começou quando os criminosos atacaram um carro do policiamento comunitário da PM.

A polícia não havia divulgado até o início da noite de ontem o balanço do terceiro dia da operação Rio Seguro no Estado. Somente os dados de Niterói foram informados: duas pessoas foram presas na favela da Lagoinha, um menor de 16 anos e um homem de 21.

Beira-Mar não volta mais ao RJ

Rio

– O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou, ontem, no Rio, que governo federal já tem uma solução definitiva para o caso do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. Mas não quis revelar o destino final do criminoso. Garantiu também que ele não volta para o Rio de Janeiro. “Nós temos uma solução para isso, que tem que ficar evidentemente em reserva. Beira-Mar não voltará ao RJ e tudo será equacionado”, disse Dirceu. “O presidente Lula já determinou a construção do primeiro presídio federal em Brasília, e nós vamos construir mais cinco.” Beira-Mar está preso na penitenciária de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo.

Enquanto isso, no Rio, a governadora Rosinha Matheus (PSB), disse que “direitos humanos são para quem está aqui fora (da prisão)”. Foi uma referência a uma faixa com ameaça, colocada em uma passarela da Avenida Brasil, supostamente por criminosos da facção Comando Vermelho (CV), com a frase “Direitos humanos para Bangu 1 já, senão a guerra vai continuar”. “O que são direitos humanos? Direitos humanos são para quem está aqui fora, livre”, disse.

Voltar ao topo