Traficantes de São Paulo mantêm ‘drive-thru’ de drogas

O esquema de ‘drive-thru’ das drogas com participação de menores continua a funcionar nas favelas nas proximidades da Avenida Jornalista Roberto Marinho, que corta os bairros do Brooklin e Campo Belo, na zona sul da capital paulista. Em abril de 2006, a reportagem denunciou três drive-thrus que funcionavam na região. Apesar das ações das Polícias Civil e Militar, após a denúncia, dois deles continuam a funcionar. E usando crianças e adolescentes como mão de obra.

Quem conhece o esquema desce a rua com os faróis do carro apagados – uma indicação de que vai comprar o entorpecente. Para o coronel aposentado da PM José Vicente da Silva Filho, ex-secretário nacional de Segurança Pública, quando o crime se fixa em um lugar é porque há uma grande falha no trabalho das polícias territoriais – delegacias e batalhões que atuam no local. Ou há corrupção policial. “Quando o crime, ainda mais o tráfico de drogas, persiste num lugar, podemos desconfiar que tem policial na ‘folha de pagamento’ do traficante.”

O promotor e coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça, Augusto Rossini, acredita no trabalho das polícias de São Paulo. “Os policiais e a Justiça fazem a sua parte, o problema está na legislação, principalmente com os adolescentes. O que adianta se na maioria das vezes a lei permite que o traficante (adulto) seja condenado a uma pena de 2 anos? Isso estimula o crime”, diz Rossini.

A Assessoria de Imprensa da Polícia Militar informou que, de janeiro a maio de 2009, o 12º Batalhão, responsável pelo policiamento na região, prendeu ou deteve 50 pessoas envolvidas em ocorrências de porte ou tráfico de drogas nas proximidades das favelas na Avenida Jornalista Roberto Marinho. Segundo a Polícia Civil, investigadores do 96º Distrito Policial (Brooklin), em menos de dois meses, prenderam cinco traficantes e detiveram um adolescente. Um deles tem ligação com Sonia Aparecida Rossi, a Maria do Pó – considerada a maior traficante do Estado, que está foragida.