Tornado destrói 22 casas e fere 15 no Rio Grande do Sul

  Jefferson Botega / AE
Jefferson Botega / AE

Ventos de até 110 km por hora em
Muitos Capões (RS): destruição.

Porto Alegre (AE) – Um tornado destruiu 22 casas e arrancou o telhado de outras 60 no final da noite de segunda-feira em Muitos Capões, município do noroeste do Rio Grande do Sul, a 290 quilômetros de Porto Alegre. A queda de paredes, postes e árvores feriu 15 pessoas, que foram encaminhadas ao Hospital Nossa Senhora da Oliveira, em Vacaria, a 35 quilômetros. Ainda permanecem internados Anísio Antunes Moreira, de 62 anos, em observação, e Ilda de Campos, de 61 anos.

A prefeita Mara Barcellos disse que os prédios da Câmara de Vereadores, da garagem municipal, do banco Sicredi e do Clube União Capoense foram parcialmente destruídos. O vento de até 110 quilômetros por hora arrastou por cerca de 20 metros os restos das casas destruídas e arrancou o telhado de pelo menos outras 60 residências. Na seqüência, uma chuva de granizo piorou a situação. Cerca de 300 pessoas -10% da população do município – ficaram desabrigadas e foram encaminhadas a casas de parentes e amigos. O trabalho dos bombeiros de Vacaria e de voluntários foi prejudicado pela chuva que prosseguiu por todo o dia com raras interrupções. O encontro de frentes frias com ar quente e instável pode gerar tornados, ventos que giram em forma de cone com velocidades de até 500 quilômetros por hora.

Ao contrário dos furacões, que têm até centenas de quilômetros de diâmetro, os tornados têm circunferência de dezenas a centenas de metros e se desfazem rapidamente. Moradores de Muitos Capões, que passaram o dia sem energia elétrica e telefonia, contaram aos bombeiros que o fenômeno durou cerca de um minuto.

O Rio Grande do Sul já foi atingido por tornados de intensidade semelhante em outubro de 2001, em Viamão, em julho de 2001, em Bom Jesus, em julho de 2003, em São Francisco de Paula, e em dezembro de 2003, em Antônio Prado. Os três primeiros mataram uma pessoa cada. O último matou quatro crianças e um adulto.

Além do tornado de Muitos Capões, a ventania e chuvas de granizo provocaram estragos em outros 17 municípios do estado desde segunda-feira. Bagé, na zona sul, e Carazinho, no norte, tiveram várias casas destelhadas.

A Defesa Civil calcula que cerca de 1,5 mil pessoas tenham sido de alguma maneira prejudicadas pelo mau tempo. As previsões meteorológicas indicam que a instabilidade vai continuar pelo menos até sexta-feira, com perspectiva de mais vendavais, provocados por um ciclone extratropical que está se formando entre o norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Instabilidade continua no Paraná; Curitiba teve chuva de granizo

A instabilidade climática no Paraná, marcada por chuvas e ventos fortes desde a tarde de ontem, vai permanecer no dia de hoje. O encontro de uma frente fria, proveniente do Rio Grande do Sul, com a massa de ar quente, que estava sobre o Estado, provocou chuvas e ventos fortes no período da tarde. No bairro Batel, em Curitiba, e em outras cidades do Paraná, choveu granizo.

?É um reflexo normal do fenômeno. As chuvas fortes, com ventos, devem continuar?, explicou o meteorologista Lizandro Jacobsen, do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar).

Apesar de confirmar a incidência de temporais, ele descartou a possibilidade da ocorrência de um tufão, ciclone ou furacão em Curitiba e no interior do Paraná. ?Não sabemos de onde surgiu essa informação. O que podemos afirmar é que foi um alarme falso. Esses eventos, mesmo que severos, não podem ser considerados tufão ou algo parecido.?

Mesmo com o desmentido, no ar no site do Simepar desde a metade da tarde de ontem, muitas pessoas ficaram alarmadas em Curitiba e algumas escolas mandaram os alunos para casa mais cedo, temerosos com a possibilidade de conseqüências mais sérias da intempérie.

A Defesa Civil reconheceu que com ventos fortes, até pode ocorrer algum destalhamento, mas também descartou a possibilidade de um ciclone atingir Curitiba nas próximas horas.

Segundo dados do Simepar, o inverno atípico propicia a instabilidade climática. Ontem, por exemplo, os termômetros em Curitiba e Londrina marcavam, na hora do almoço, 29ºC. Em Maringá, a temperatura chegou aos 32ºC e no litoral, aos 36ºC.

?Com a chegada da frente fria, é perfeitamente natural que haja precipitação(chuva). Com isso, as temperaturas devem cair?, disse. Ontem, após a chuva no período da tarde, os termômetros já estavam marcando sete graus a menos em Curitiba. (Gisele Rech)

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