Todos querem ser o vice de Lula para 2006

Brasília – Há uma corrida de pretendentes para ser o candidato a vice-presidente na chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Lula não tem dado demonstrações de que pretenda substituir o vice José Alencar (PL-MG), que teve um papel importante para quebrar a resistência de empresários e eleitores conservadores em 2002. Mesmo assim, as especulações proliferam.

Aparecem como alternativas desde o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, até o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim. O cargo também é cobiçado abertamente por PTB e PMDB. "Meu sonho, presidente, é oferecer o ministro Mares Guia para ser seu vice em 2006", afirmou o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), num encontro com Lula.

Mas é no PMDB que proliferam nomes de candidatos a ser vice de Lula. O partido, que tem a maior estrutura partidária do país, pode indicar o vice no caso de uma coligação. Segundo ministros petistas e dirigentes partidários, essa poderia ser uma conseqüência direta de uma aliança. Na avaliação da cúpula do PMDB, é natural o partido indicar o vice, na medida que o presidente tem dito que deseja uma aliança preferencial com o partido. São citados o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), os governadores Germano Rigotto e Jarbas Vasconcelos e até o senador Hélio Costa (MG).

"Com partidos que não disputam o poder, o PT faz aliança. Com o PMDB, que tem força real, queremos coalizão", diz o presidente do PT, José Genoino. O bom desempenho de Lula nas pesquisas e a possibilidade de Alencar disputar o governo de Minas ampliam as especulações e a cobiça pela vaga. A pesquisa CNT/Sensus, divulgada semana passada, mostrou que o presidente neste momento é o que mais oferece expectativa de poder aos partidos.

"Ele (Lula) hoje é ganhador. Não tem outro, não tem opção", afirma o presidente do Instituto Sensus, Ricardo Guedes. Mesmo os analistas que não consideram líquida e certa a reeleição avaliam que o interesse dos partidos pela vaga de vice mostra que apostam num novo mandato para Lula. Mas consideram que essa postulação poderá migrar para outra candidatura que venha a se mostrar viável no início de 2006.

"PTB e PMDB querem fazer o vice, PL quer manter o vice. Esses atores políticos devem estar achando que Lula é uma barbada e querem fazer o vice de alguém. O ganhador hoje é Lula, amanhã pode ser outro", diz o cientista político Paulo Kramer.

No Palácio do Planalto, onde os principais assessores de Lula não admitem discutir a substituição de Alencar, existe a convicção de que a corrida pela vaga de vice está relacionada com a sucessão presidencial de 2010. São muitos os políticos que consideram que o vice de um presidente eleito em 2006 será um postulante natural a uma candidatura presidencial quatro anos depois.

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