Todos querem presidir a Câmara

Brasília – A Câmara dos Deputados tem mais um candidato à sucessão do presidente da Casa, João Paulo Cunha (PT-SP). Trata-se, agora, do deputado Jair Bolsonaro (PTB-RJ), que ingressou ontem com a documentação necessária na Secretaria Geral da Mesa para oficializar sua candidatura. Ele concorre com outros quatro: Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), Virgílio Guimarães (PT-MG), José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Severino Cavalcanti (PP-PE). 
 
Tradicionalmente, a indicação para a presidência da Câmara cabe à bancada de maior representatividade. No caso, a do PT. Mas, quando não tinha a maioria, o partido costumava apresentar candidaturas avulsas. Agora, é vítima da mesma estratégia por parte de adversários e até de um de seus parlamentares, que dizem representar a perspectiva de uma Câmara independente do Executivo.

"Não serve a nada ficarmos especulando se duas candidaturas petistas são um fato bom ou ruim, seja para o partido, seja para o governo. Vamos jogar o jogo da realidade", disse na quarta-feira o candidato oficial do PT, Greenhalgh.

Também na quarta, dia do lançamento da candidatura avulsa do petista Virgílio, o PT divulgou duas cartas em que reconhece Greenhalgh como único candidato oficial do partido e pede os votos dos parlamentares a ele, em respeito ao princípio da proporcionalidade partidária. Uma das cartas tem o apoio de 87 parlamentares e a outra é assinada pelo presidente nacional do PT, José Genoino, e pelo líder do partido na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (SP). Segundo Genoino, Virgílio terá até o dia da votação, 14 de fevereiro, para retirar o nome. Caso contrário, não contará com a legenda PT na cédula de votação.

Greenhalgh, aliás, ganha a partir de hoje um apoio de peso. O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, retorna da Itália e deve se aliar aos coordenadores da campanha. Nesta, Neste sábado Virgílio pretende reunir, em Belo Horizonte, sete mil pessoas num ato público de consolidação da candidatura. O candidato José Carlos Aleluia, por sua vez, disse que não pretende estabelecer um calendário de viagens. Afirmou que sua principal estratégia de campanha é deixar claro que pretende realizar a gestão de um legislativo independente. "A minha fatia é dos deputados que querem restaurar a imagem da instituição, que querem restaurar a imagem de um poder independente", destacou.

Já Severino Cavalcanti (PP-PE), cumpre agenda de entrevistas e retorna a seu estado no fim de semana. Ele é o candidato que, até agora, mais interferiu no visual da Câmara dos Deputados. Cartazes de divulgação de sua candidatura estão espalhados por toda a instituição. Militar, Bolsonaro, o mais recente integrante do grupo de aspirantes a presidente da Câmara, iniciou sua carreira política como vereador, em 1989. Desde então, foi filiado ao PDC, PP, PPR, PPB e PTB, onde está desde 2003. O PTB – assim como o PP, de Severino Cavalcanti – faz parte da base aliada. Jair Bolsonaro está em seu quarto mandato como deputado federal.

PMDB de oposição não vai votar em Greenhalgh

Rio – A ala oposicionista do PMDB anunciou ontem no Rio, a "tendência a não votar na candidatura oficial do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) a presidente da Câmara dos Deputados. O presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), disse que "não houve ajuste nem dentro do PT" e que, por isso, "a tendência é a de que um bom grupo não vote na candidatura oficial".

O grupo também está decidido a lançar um oposicionista como candidato a líder na Câmara para concorrer com o líder José Borba (PA), que representa a ala governista.

Os peemedebistas que se opõem à aliança com o governo se reuniram hoje no Palácio Laranjeiras, residência oficial da governadora Rosinha Garotinho (PMDB), por cerca de duas horas, antes de anunciarem as duas decisões. Estiveram presentes Temer e os presidentes dos diretórios estaduais de São Paulo, Orestes Quércia, do Rio, Anthony Garotinho, secretário de Governo e Coordenação do Estado, e de Minas Gerais, deputado Saraiva Felipe. O vice-presidente nacional da sigla, Eliseu Padilha, e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também participaram do encontro.

Segundo o presidente nacional do PMDB, mais da metade da bancada de 76 deputados não apoiará o deputado do PT de São Paulo. Apesar de ainda não haver consenso em torno de um outro nome, Temer disse que não descarta apoiar o candidato Virgílio Guimarães (PT-MG) e que a agremiação não se absterá.

As decisões, segundo Quércia, foram tomadas "porque o PT insiste em desrespeitar o resultado da nossa convenção, enquanto eles expulsaram do partido quem não seguiu as decisões da executiva nacional".

Anthony Garotinho também condenou a forma "desrespeitosa" com que a administração federal trata a direção do PMDB. Ele classificou como "fisiologismo" o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter convidado o presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), e os ministros da Previdência Social, Amir Lando, e das Comunicações, Eunício Oliveira, para conversarem sobre reforma ministerial. "Chamar o Sarney e não chamar o presidente do partido é uma prática fisiológica execrável", criticou Anthony Garotinho.

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