Tia de criança austríaca deve ser indiciada por tortura

Após os depoimentos de vizinhos e do irmão da austríaca Sophie Zanger, de 4 anos, que morreu na sexta-feira no Rio, o delegado titular da 36ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz (zona oeste), Agnaldo Ribeiro da Silva, quer indiciar a tia da criança, Geovana dos Santos Vianna, de 42 anos, e a filha dela, Lílian dos Santos, de 21, por tortura. A pena é de oito anos de prisão – o crime é hediondo e inafiançável – mas pode chegar a 10 anos pelo fato de a vítima ser uma criança.

“Os maus-tratos já estão praticamente comprovados. Estamos colhendo mais depoimentos para provar que as surras eram constantes e indiciá-las”, disse o delegado, que aguarda o laudo cadavérico. Ontem, Geovana e Lílian foram à delegacia e prestaram depoimento por mais de seis horas. “Foi uma fatalidade. A menina escorregou, caiu e foi socorrida. Não estamos foragidas e não tem ninguém pedindo nossa prisão”, disse Lílian ao sair do distrito. Sobre depoimentos de vizinhos apontando maus-tratos, afirmou: “falam o que querem”. Amanhã será a vez dos médicos que atenderam Sophie.

No depoimento de anteontem, R. revelou que as surras de chinelo e tapas eram constantes e aplicadas por Geovana e Lílian. Dois dias antes da queda da menina no banheiro, R. notou que Sophie estava com forte cheiro de urina e muitos hematomas no corpo. No dia 12, R. dava banho na menina quando, segundo ele, ao se virar para pegar uma toalha, a irmã caiu, bateu com a cabeça e desmaiou. Ela recobrou os sentidos, mas desfaleceu novamente. R. e a prima M., de 11 anos, chamarem os vizinhos. Após passar uma semana internada, Sophie morreu na sexta-feira.

Os advogados do pai, Sasha Zanger, anunciaram que a 27ª Vara Federal autorizou a entrega do corpo de Sophie a ele, que deverá ser levado para a Áustria. A mãe das crianças, Maristela dos Santos, fará tratamento psicológico. Ela confessou à polícia que, com medo de perder a guarda dos filhos, inventou que o ex-marido abusara de R. E admitiu saber que Geovana batia em seus filhos. Sophie e o irmão R., de 12 anos, foram trazidos da Áustria pela mãe brasileira, sem o consentimento do pai, austríaco, em janeiro de 2008.

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