Thomaz Bastos recebe “carta branca”

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), formalizou ontem na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) a indicação do jurista Márcio Thomaz Bastos para o Ministério da Justiça. Ele dedicou a cerimônia ao jurista Evandro Lins e Silva. Lula foi aplaudido efusivamente por advogados que compareceram ao evento. Lula deu “carta branca” a Bastos.

“Tenho tanta confiança em você, que quero dizer que não vou cobrar nada além do limite do seu conhecimento e de suas forças”, afirmou Lula em seu discurso. “Peço que você faça no Ministério da Justiça nestes quatro anos o que você sempre sonhou.”

O presidente eleito disse também que a indicação será um desafio para Bastos, principalmente na condução de uma reforma do Judiciário, que, segundo Lula, não acontece porque cada um tem uma “reforma ideal na cabeça.” “Acredito que você possa ser o condutor, o articulador, para extrair uma reforma do Judiciário. Não é tarefa fácil”, afirmou.

Ao agradecer a indicação, Bastos se comprometeu a trabalhar à frente do ministério, junto com a equipe petista, para concretizar as propostas apresentadas à área. “Não garanto, presidente Lula, que eu vá fazer o gol, mas vou fazer de tudo para fazer o gol”, garantiu. O futuro ministro reafirmou que a escolha de sua equipe ministerial ficará para depois da posse de Lula, que acontece no dia 1.º de janeiro.

Escolha

Lula revelou que a escolha de Bastos para a Justiça já havia sido feita há muito tempo. Segundo ele, se saísse vitorioso nas eleições de 1989, de 1994 ou de 1998, o advogado seria seu ministro da Justiça. Bastos chegou a ocupar a pasta no ministério paralelo que o PT criou em 1990, para acompanhar o governo de Fernando Collor de Mello. “As derrotas que tivemos ensinaram a cada de um de nós. A vitória do PT, neste ano, tem um simbolismo muito forte, não só para o Brasil mas também para a América Latina”, comentou Lula.

Importância

O presidente eleito falou da importância de sua eleição e do PT para as esquerdas da América Latina e para o Brasil. Segundo ele, sua vitória tem caráter simbólico por mostrar que, independentemente de raça, cor, origem social, sexo e profissão, qualquer pessoa pode chegar ao poder no País.

Lula classificou a existência do PT como um incentivo à democracia, e criticou os que classificaram no passado o partido como demasiado teórico, radical ou de trabalhadores.

Segundo Lula, o PT foi um gerador de expectativas e que, graças ao partido, a “esquerda latino-americana pôde ser uma opção na democracia, formando partidos políticos e disputando eleições”. E advertiu que se não fosse assim, o Brasil poderia ter se transformado numa Colômbia. Lula deu como outro exemplo da esquerda como opção política na América Latina a eleição do coronel Lúcio Gutiérrez para presidente do Equador.

Anunciados mais três nomes

Brasília

– No início da tarde de ontem, durante uma reunião com cerca de cem prefeitos do PT, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que Luiz Dulci ocupará a Secretaria Geral da Presidência da República. Lula disse ainda que o ex-prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, será o secretário-geral de Desenvolvimento Econômico e Social e Luiz Gushiken será o secretário de Comunicação Social. As informações foram prestadas pelo prefeito de Bagé (RS), Luiz Mainardi.

A escolha de Humberto Costa para o Ministério da Saúde também está certa. O deputado Anderson Adauto (PL-MG) deverá ser o futuro ministro dos Transportes do governo Lula. Ele é ligado ao vice-presidente eleito, senador José Alencar (PL-MG). Esses nomes serão anunciados hoje, às 11h, no Hotel Sofitel, em São Paulo.

Convidado por Lula, o governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, também deve ser anunciado hoje para o Ministério das Cidades, pasta a ser criada na nova estrutura da administração federal. Lula e Olívio conversaram na quarta-feira durante duas horas na Granja do Torto, em Brasília. Ao final do encontro, Olívio confirmou que foi convidado para integrar o ministério, mas que a tarefa de anunciar os nomes é do presidente eleito. Questionado se viajaria para São Paulo hoje, quando o presidente eleito pretende anunciar o ministério, informou que não poderá estar na capital paulista. Mas, em seguida, emendou: “A partir do dia 2, todos nós, quadros com experiências na administração, o que é o meu caso, vamos estar à disposição do nosso governo para executar todas as tarefas que nos forem atribuídas.”

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