Temendo derrota, aliados adiam votação do mínimo

Brasília – A votação da medida provisória que aumenta o salário mínimo de R$ 240 para R$ 260 deverá ocorrer somente no fim do mês, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornar de sua viagem à China.

A decisão foi tomada na reunião de ontem do presidente com os líderes da base aliada. “A recomendação do presidente é para que se esperasse o momento adequado para a votação do mínimo”, disse o líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia.

Segundo ele a votação da MP nesta semana não é recomendável, porque poderia sofrer ainda os efeitos da rejeição, na Câmara, da proposta de reeleição das presidências das duas Casas. Na avaliação dos líderes aliados não há clima, no momento, para a votação da MP. “Precisamos de um tempo para conversar com as bases”, ressaltou o líder do PTB na Câmara, José Múcio.

Arlindo Chinaglia informou também que os ministros da área econômica vão se reunir com os partidos da base para discutir a MP e assegurar a aprovação do mínimo em R$ 260. Segundo o líder do governo na Câmara, Professor Luizinho, que também participou da reunião, o governo não tem condições de elevar o valor do mínimo. “O governo foi ao limite”, disse. “Não há nova fonte de recursos (para aumentar o mínimo). Se tivesse, o presidente teria feito”, acrescentou. Durante a reunião, relatou Luizinho, o presidente argumentou que o reajuste do mínimo está acima da inflação e é o maior desde 1995.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu aos líderes dos partidos aliados, em reunião no Palácio do Planalto, a aprovação do valor de R$ 260,00 para o salário mínimo que está vigorando já neste mês. Segundo o líder do PPS, deputado Júlio Delgado (MG), o presidente reafirmou que o valor é o possível e que, se fosse aumentá-lo, o dinheiro teria de sair de investimentos que são importantes para o País. “Se alguém encontrar uma mágica que possibilite um salário mínimo maior, eu concordo”, teria dito Lula na reunião, segundo Delgado.

“Se tirar da cartola o dinheiro, eu ponho no mínimo. O problema é que não tem dinheiro nem na cartola nem no Orçamento.” A medida provisória estabelecendo em R$ 260,00 o valor do mínimo passa a trancar a pauta da Câmara no dia 14 de junho, se não for votada até lá. Já passou pela comissão mista (integrada por deputados e senadores) que a examinou, onde não chegou a ser votada por falta de quórum.

O relator da comissão, deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), apresentou um substitutivo aumentando o valor para R$ 275,00, mas o substitutivo não foi votado porque o governo não deu quórum para votação, na comissão mista.

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