Rio – Escolhida pelas famílias de três traficantes mortos na rebelião de 11 de setembro do ano passado no presídio Bangu 1, no Rio, para a celebração de uma missa fúnebre, a Igreja da Candelária, uma das mais importantes da cidade, virou ontem um campo de batalha. Descontrolados e aos gritos, parentes e amigos dos criminosos, que não queriam ser filmados nem fotografados, agrediram jornalistas e derrubaram um banco do templo. A missa foi encomendada para lembrar o primeiro aniversário de morte de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e de seus cunhados Carlos Alberto da Costa, o Robertinho do Adeus, e Wanderlei Soares, o Orelha. Eles eram chefes da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA) e foram mortos por traficantes do Comando Vermelho (CV) durante o motim liderado pelo traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, que durou mais de 23 horas e teve como quarta vítima Elpídio Rodrigues Sabino, o Robô. A Arquidiocese do Rio considerou a confusão um desrespeito com a igreja, mas ressaltou que a missa fúnebre é um direito de todas as famílias. O padre Elia Volpi lembrou que a religião católica não julga ninguém. Muito nervosa, a mãe de Uê, Georgina Pinto de Medeiros, chorou e disse que o assassinato dele foi uma injustiça. Dentro da igreja, disse: “Tem que matar o Márcio (Marcinho VP do Morro do Alemão) e o Fernandinho Beira-Mar.”

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