Suposta extorsão de traficantes é investigada no Rio

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga uma tentativa de extorsão dos traficantes do Complexo da Maré, na zona norte da cidade, contra funcionários da construtora Queiroz Galvão, que trabalham na construção da primeira ponte estaiada do Estado. De acordo com o registro na 21ª Delegacia de Polícia de Bonsucesso, no dia 19, dois funcionários da empresa procuraram o distrito, após sofrer durante dias ameaças dos bandidos.

Eles entregaram aos agentes uma carta da Associação de Moradores da Vila do João que pedia a doação de 20 motos elétricas para uma festa de Dia das Crianças. Em outra versão investigada pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), os criminosos exigiram R$ 2 milhões para permitir as obras e atiraram contra os operários que constroem a ponte sobre o conjunto de favelas.

O presidente da Associação de Moradores da Vila do João, Marcos Antônio Barcelos, disse que tudo foi um mal entendido. “Havia um pedido no papel timbrado da associação com o pedido de doação para o Dia das Crianças. Nove representantes de outras associações assinaram. Não sei quem entregou, mas nunca pedimos dinheiro e sim brinquedos. Esta história de R$ 2 milhões nem ficamos sabendo”, disse.

A suposta tentativa de extorsão teria ocorrido no dia 10 e, desde então, os funcionários da obra passaram a sofrer ameaças. No dia 14, o Bope intensificou as incursões no Complexo da Maré, especialmente nas favelas Nova Holanda, Parque União, Rubem Vaz e Parque Maré, que estavam sob o domínio do Comando Vermelho. Desde o início das operações, dois homens foram presos, duas pistolas, munições e drogas apreendidas.

Os moradores da Maré sofrem com os constantes tiroteios entre quadrilhas rivais e também com as incursões policiais. Eles afirmaram que os traficantes foram embora desde o primeiro dia de operação do Bope, que jogou panfletos de um helicóptero sobre as favela anunciando a “pacificação” do Complexo da Maré. “A notícia era falsa, mas mandou embora os poucos traficantes que ainda estavam por aqui.

No entanto, os moradores continuam sofrendo revistas abusivas e as casas são constantemente invadidas pela polícia”, reclama uma moradora da Nova Holanda, que prefere não se identificar. Segundo ela, os habitantes temem que uma milícia (grupo paramilitar que cobra por proteção) seja instalada na região. A Secretaria de Segurança Pública do Rio informou que as operações nas favelas são pontuais e não tem qualquer relação com a ocorrência com os funcionários da construtora. A futura sede do Bope ficará na antiga sede do 24º Batalhão de Infantaria Blindada, que fica próxima a Vila do João, uma das favelas da Maré.

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