O País chegou ontem ao último dia da Campanha Nacional de Vacinação contra Gripe sem bater a meta de 90% de imunização do público-alvo (crianças, idosos, grávidas, entre outros). No total, 47,5 milhões receberam a proteção – o que equivale a 79,9% desse grupo prioritário. O Estado de São Paulo teve apenas 73,2% de cobertura vacinal e está entre os três Estados com pior índice, atrás apenas do Acre (73%) e do Rio (63,7%). Diante disso, o Ministério da Saúde decidiu estender a oferta de imunizantes a toda a população a partir de segunda-feira, enquanto durarem os estoques.

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A campanha nacional teve início em 10 de abril. Segundo o governo federal, aproximadamente 11,9 milhões de brasileiros do público-alvo estão sem a proteção recomendada. A escolha do público prioritário segue recomendação da Organização Mundial de Saúde.

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Segundo a recomendação passada pelo ministério aos Estados e municípios, os grupos do público-alvo da campanha, que tinham atendimento exclusivo até agora, vão continuar com prioridade no atendimento. Ainda restam cerca de 17,2 milhões de doses de imunizante em todo o País.

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Em várias cidades do interior paulista houve corrida aos postos de saúde nos últimos dias. Em Ilhabela, no litoral norte, os estoques já tinham acabado na tarde de anteontem, quando o índice de vacinação do público-alvo atingiu 83,5%. “A Vigilância municipal solicitou ao Estado para que seja verificada a possibilidade de remanejar mais doses para a cidade, a fim de continuar a vacinação”, informou a prefeitura.

Segundo a diretora de Imunização da Secretaria Estadual da Saúde, Helena Sato, as taxas mais baixas de cobertura vacinal estão entre gestantes e crianças, os mais importantes grupos prioritários. Para ela, ainda há resistência à vacinação.

“A grávida tem a preocupação de que a vacina seja transmitida ao bebê. O que ela ignora é que a gravidez, principalmente no estágio final, aumenta muito o risco de um agravo, como pneumonia, com internação hospitalar, em caso de gripe.” Já as mães, segundo a especialista, temem que a vacina produza a doença ou traga outros efeitos sobre suas crianças. “É o contrário: a vacina não faz nenhum mal e protege”, disse.

Até entre profissionais da área de saúde, a imunização tem ficado abaixo da meta. “É uma surpresa, pois quem trabalha na saúde sabe a importância da vacina”, diz Helena.

Nesta semana, o ministro Luiz Henrique Mandetta ressaltou que o fato de o Estado de São Paulo ter casos de sarampo – na capital foram 14 registros confirmados da doença este ano – torna a vacinação contra a gripe ainda mais necessária, pelo risco de complicações.

Sobre o Rio, Mandetta destacou a associação perigosa entre a tuberculose e a gripe. “Daqui a 60 dias, provavelmente muitas pessoas com tuberculose, com pneumonia podem pegar gripe. Aí vão procurar atendimento e vai ser um colapso”, afirmou ele, durante visita a Sorocaba.

A vacina produzida para 2019 teve mudança em duas das três cepas e protege contra os três subtipos do vírus que mais circularam no hemisfério sul no último ano.

Óbitos

Até o último dia 11, foram registrados 807 casos de síndrome respiratória grave aguda por influenza no Brasil, com 144 mortes. O subtipo predominante no País é o vírus influenza A (H1N1), com 407 casos e 86 óbitos.

No mesmo período do ano passado, haviam sido 1.326 casos, com 214 óbitos por influenza. A predominância também foi do vírus A (H1N1). Em São Paulo, foram 51 óbitos este ano, segundo o ministério – a pasta estadual não divulgou o número. Em 2018, no mesmo período, foram 71 mortes.

Conforme o ministério, todos os Estados estão abastecidos com o fosfato de oseltamivir, antiviral para influenza disponível na rede pública. Para o atendimento em 2019, a pasta já enviou aproximadamente 9,5 milhões de unidades do medicamento aos Estados. O tratamento deve ser realizado, preferencialmente, nas primeiras 48 horas após o início dos sintomas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.