Atrasada, a rede de ônibus noturnos que a Prefeitura de São Paulo planeja colocar na rua a partir do primeiro semestre de 2015 deverá transportar cerca de 900 mil pessoas por mês. Esse número representa um acréscimo de 30% no público que utiliza as linhas atuais de circulação durante a madrugada.

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O cálculo é da diretora de Planejamento da São Paulo Transporte (SPTrans), Ana Odila de Paiva Souza, que deve apresentar detalhes do projeto na próxima reunião do Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT), na semana que vem.

Entre os potenciais usuários estão pessoas que estudam à noite e que hoje precisam correr para pegar o último ônibus ou trem e também paulistanos em busca de diversão noturna em especial no fim de semana.

A Prefeitura aposta, inclusive, em um aumento das atividades no período entre as 0h e as 4h40 quando o mecanismo estiver consolidado na cidade. “Vai haver uma migração, porque hoje existe um pico por volta da meia-noite, que é quando começam a parar as escolas. Ele vai se espraiar, porque a pessoa não vai mais precisar sair correndo para pegar o último ônibus, vai poder ficar num bar ou estudando, se quiser. Depois de um certo tempo, quando isso fizer efeito, é lógico que vão aumentar as atividades noturnas na cidade”, disse Ana Odila.

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Pontualidade

Uma das ambições da gestão Fernando Haddad (PT) é dar às linhas da madrugada – que funcionarão da 0h às 4h – um intervalo regular e confiável. Elas passarão, conforme os planos da SPTrans, a cada 15 minutos nos pontos dos itinerários estruturais – ou seja, aqueles que percorrem os eixos do metrô e os corredores de ônibus. Esses trajetos farão a ligação entre diferentes terminais.

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No caso das linhas locais, que serão circulares e situadas dentro dos bairros, as partidas ocorrerão a cada meia hora. Esse tipo de itinerário beneficiará também regiões “boêmias” da cidade, como a Vila Madalena, na zona oeste. Os ônibus, com tamanho menor, terão operação realizada pelas cooperativas. Ao todo, 500 coletivos serão usados.

Ana Odila afirma que haverá distribuição de panfletos alertando os usuários das novas linhas. “Estamos conversando com nossa área de marketing e vamos ter um folheto disponível com as linhas descrevendo o que fazer. Vamos ter uma campanha em cima disso, tanto em bares quanto hospitais, delegacias, que são, digamos, as atividades que funcionam à noite.”

A caixa Amanda Pires, de 25 anos, trabalha em um bar na Rua Aspicuelta, na Vila Madalena. Hoje, ela, que sai por volta das 3h, vai trabalhar de carro. “Com uma linha de ônibus regular funcionando nesse horário, devo migrar para o transporte público”, disse. De acordo com ela, vários clientes já perguntaram sobre a melhor forma de ir embora usando transporte coletivo.

No total, cerca de 140 linhas formarão a rede da madrugada na capital paulista. Os veículos desses itinerários estarão identificados com adesivos alusivos à sua atividade noturna. Os 160 pontos onde houver conexão entre as linhas estruturais, como, por exemplo, o que fica na intersecção das Avenidas Nove de Julho e Brasil, ganharão reforço de iluminação, bem como aqueles diante de pontos de interesse, como hospitais.

Atraso

A criação de uma rede madrugadora de coletivos é uma meta prometida desde o início do governo Haddad. Inicialmente, ela foi anunciada para o primeiro semestre deste ano, valendo inclusive para a Copa do Mundo. Mas houve atrasos. Por meio de nota, a SPTrans informou que ainda está acompanhando processo do projeto-piloto das primeiras linhas noturnas, o “que acabou demandando tempo para a aferição do desempenho das respectivas linhas em observação”.

Piloto

Um projeto-piloto iniciado em fevereiro pela SPTrans já colocou 12 linhas circulando de madrugada pelas ruas da capital. A ação, que começou em fevereiro, teve 99,8% de cumprimento de partidas no horário certo, segundo a diretora da Planejamento da empresa.