Solados da Força de Paz vão ter salário cortado

Brasília – O ministro da Defesa, José Viegas Filho, declarou ontem que o governo pretende cortar em 46% os salários de todos os militares que vierem a servir em forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), inclusive os soldados destacados para integrarem a força de estabilização no Haiti, a partir do início de junho. Ao lado do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, Viegas respondeu a duras críticas de parlamentares, inclusive da base aliada, à decisão do governo de enviar as tropas ao Haiti e de assumir o comando das operações da ONU. A resistência deverá complicar a tramitação do pedido de autorização enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e poderá atrasar o desembarque dos brasileiros, previsto para 31 de maio.

“Há uma redução, sim, de 46% dos soldos em todas as faixas, de general a soldado”, afirmou Viegas, em audiência conjunta das comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e do Senado. “Primeiro, há o apoio das Forças Armadas. Segundo, (a medida) visa viabilizar a participação do Brasil (nas forças da ONU) que, de outro modo, ficaria muito comprometida por um custo excessivo. Em terceiro lugar, o nível de remuneração que o soldado brasileiro receberá no exterior estará em linha com os valores que a ONU aloca. De maneira que não há nenhuma injustiça”, disse, ao ser questionado se seria justo reduzir o soldo dos militares que mais estarão expostos a riscos.

Conforme informou, o Ministério da Defesa já encaminhou ao Congresso um projeto de lei sobre a medida. Em princípio, a ONU desembolsa US$ 1.200 por soldado enviado pelos países que participam de suas missões de paz. No caso da missão ao Haiti, 1.200 militares do Batalhão de Infantaria de São Leopoldo estarão sujeitos ao corte. Segundo Amorim, somado ao ressarcimento pelo desgaste de material militar, o reembolso da ONU ao Brasil deverá alcançar cerca de US$ 20 milhões.

A iniciativa do governo de enviar suas tropas ao Haiti e de assumir o comando da força de estabilização da ONU provocou a resistência de quatro dos nove parlamentares que trataram da questão durante a audiência pública.

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