São Paulo – O ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi vaiado ontem à tarde, no plenário da Assembléia Legislativa de São Paulo, por um grupo de 300 servidores dos sindicatos da Saúde e da Educação do Estado, ambos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), quando falava sobre a reforma da Previdência. O ministro já havia falado por cerca de 30 minutos. No momento em que iria comparar o sistema previdenciário do Brasil com o da Noruega, foi interrompido abruptamente por muitas vaias.
Dirceu ainda tentou continuar a explanação sobre a reforma da Previdência, mas foi interrompido outras vezes com vaias. Os manifestantes reagiram quando o ministro considerou razoável que os funcionários públicos trabalhassem um pouco mais antes de se aposentarem. Ao ser vaiado, José Dirceu reagiu: “Quero dizer aos setores públicos que se opõem às reformas que sejam mais conseqüentes e recorram apenas ao Sistema de Saúde Público quando necessário”.
Ao afirmar que “a imensa maioria dos servidores públicos era favorável” à proposta da Previdência do governo, o ministro foi interrompido por gritos de manifestantes que estavam na galeria do plenário da Assembléia Legislativa. O grupo disse que essa reforma era contrária aos interesses da categoria e sugeriu que o governo deveria “ir atrás dos fraudadores” para conseguir recuperar os recursos de que necessita.
Reforma tributária
Além de falar da reforma da Previdência, que gerou polêmica entre os representantes dos servidores dos sindicatos da Saúde e da Educação, o ministro falou também da necessidade de implantar a reforma tributária no Brasil. A explanação que o ministro fez sobre as reformas na Assembléia Legislativa, prevista para durar cerca de uma hora, foi encerrada em menos de 40 minutos em razão das vaias e protestos que ele recebeu dos servidores públicos.
“Mentiroso”
Um dos momentos mais tensos da manifestação dos servidores ocorreu quando José Dirceu comparou a Previdência Social brasileira à da Noruega para justificar o aumento da idade mínima de aposentadoria para 60 anos (no caso dos homens) e argumentar que a aposentadoria paga no Brasil não é justa. Ele lembrou ainda que 40 milhões de trabalhadores estão fora do sistema previdenciário, pois atuam na economia informal.
Ao falar sobre a Noruega, Dirceu foi chamado de “mentiroso e Pinóquio” por vários manifestantes.