Serra não diz, mas já pensa em 2006

Foram pelo menos três os motivos que fizeram com que José Serra, do PSDB, decidisse participar, pela terceira vez, da disputa pela Prefeitura de São Paulo. O primeiro, segundo amigos, tem total relação com sua boa votação na cidade em 2002, quando disputou a Presidência contra Luiz Inácio Lula da Silva. No segundo turno, o tucano teve 2.930.620 votos na capital – 1% a menos que o atual presidente. Serra, se eleito, teria interesse em retomar a disputa presidencial daqui a dois anos. Ele nega.

Embora animado com a aceitação na cidade em que nasceu, faltava ainda um quadro mais atualizado da situação eleitoral. Serra pôs então na balança dois fatores: o desgaste do governo Lula e o bombardeio de denúncias contra o ex-prefeito Paulo Maluf (PP). Ele entende que, com isso, pode tirar votos da prefeita Marta Suplicy (PT) e do malufismo desgastado e se beneficiar dessa conjuntura. ?Serra entrou na disputa com a certeza de que sairá vencedor. E é claro que toda a conjuntura política foi analisada?, diz o ex-presidente do PSDB José Aníbal, um dos articuladores da candidatura tucana.

Identificados os pontos fortes que poderiam ser usados a seu favor, Serra, que iniciou a carreira política como líder estudantil, decidiu lançar-se como a opção do partido para enfrentar, principalmente, a prefeita Marta Suplicy. Aos 62 anos, ex-senador e ministro do Planejamento e da Saúde no governo Fernando Henrique, Serra parece estar conseguindo contornar a pecha de antipático e mal-humorado: tem a mais baixa taxa de rejeição entre os candidatos, segundo o Datafolha.

Além disso, tem aparecido nas pesquisas como o preferido dos eleitores, bem à frente de Maluf, em segundo e de Marta em terceiro. Discreto, evita comemorar. Mas admite: ?Não se pode negar que é um bom ponto de partida?, disse ele, que vem se dedicando a caminhadas por ruas da periferia, reduto eleitoral de Marta.

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