Serra diz que PT não sabe o que faz

Brasília – O novo presidente nacional do PSDB, José Serra, apontou ontem sete pontos que chamou de “as singularidades da experiência do governo do PT”, fazendo críticas duras e ironias ao governo. Serra afirmou que o PT chegou à administração federal sem “um projeto de governo propriamente dito”, o que, a seu ver, seria o “poder como instrumento e como finalidade, talvez para abrigar uma nova classe”.

“Trata-se de uma espécie de bolchevismo sem utopia, que, aliás, era a melhor coisa do bolchevismo”, disse, referindo-se ao sistema político dos bolcheviques. “A verdade é que já se passaram quase 25% do mandato e o governo não sabe o que fazer com a reforma agrária, meio ambiente, educação, saúde, indústria ou como enfrentar o problema do desemprego”, afirmou.

Ele criticou o partido por adotar o que chamou de uma “agenda velha que não vai produzir desenvolvimento nem justiça social”. Segundo Serra, o Poder Executivo consumiu grande parte das energias com “uma reforma tributária cujo significado ignorava”.

O novo presidente nacional do PSDB afirmou que a terceira falha do Executivo é a incoerência entre o discurso e a prática. “De um lado, eis um política econômico-financeira inconsistente (…) ultra-ortodoxa: juros altos, câmbio valorizado, aumento de carga tributária e cortes na área social.” Do outro lado, garantiu, há um discurso de denúncia de injustiça “e até de elevação de tensão social, como acontece no campo”.

Serra acentuou ainda, como um quinto ponto a ser criticado no desempenho do PT, que a atual gestão dá continuidade ao que a anterior iria fazer. “A atual política econômico-financeira não é o que iríamos fazer”, revelou. “Não se corrige desequilíbrio externo com juros siderais, mais impostos e câmbio valorizado, nem mediante cortes mesquinhos nas áreas sociais críticas”, acredita. O novo presidente nacional tucano acusou ainda o Executivo de praticar o arrocho nos investimentos sociais, até mesmo com a tentativa de reduzir os gastos previstos pela Constituição na área de saúde.

“Dos recursos aprovados para investimentos sociais em 2003, apenas 1 real em cada 15 foi gasto até outubro”, contabilizou. Finalmente, Serra qualificou como um “retrocesso lento, gradual e seguro” o desempenho da União por causa da falta de um projeto, do aparelhamento do Estado pela legenda, do despreparo administrativo e de “uma política econômico-financeira de aprendizes de feiticeiro”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso mandou, de Washington, uma mensagem aos convencionais do PSDB. Em sua mensagem, FHC agradece o apoio e solidariedade que recebeu de José Aníbal e do PSDB nos oito anos em que ocupou a Presidência da República, e deseja a José Serra muita sorte e sucesso no comando do partido.

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